
Há centenas de milhões de anos, pterossauros sobrevoaram os mares e lagos do planeta. Essas criaturas emplumadas, que podiam variar em tamanho (do porte de pequenos pombos até grandes aviões), foram os primeiros vertebrados conhecidos a dominar o voo. Durante milhões de anos, eles exibiram longas caudas com uma característica peculiar na ponta: uma aba de pele chamada palheta.
Especialistas sempre se perguntaram qual seria o objetivo dessa estrutura. Recentemente, uma equipe de paleontólogos utilizou uma tecnologia inovadora de varredura a laser em fósseis de pterossauros para descobrir mais a respeito. A pesquisa trouxe novas informações sobre como a cauda funcionava e sugeriu que a palheta ajudava no voo, facilitando manobras.
Publicado na revista eLife, o estudo mostra como tecnologias mais avançadas podem revelar segredos ocultos nos fósseis. “Mesmo fósseis conhecidos há séculos podem ter muito a mostrar com novas tecnologias”, disse Natalia Jagielska, paleontóloga do Museu Lyme Regis, na Inglaterra, e autora principal do estudo, ao jornal The New York Times.
Pterossauro com cauda em forma de diamante
A equipe liderada por Jagielska examinou fósseis de pterossauros em coleções no Reino Unido e na Escócia, e, após analisar mais de 100 espécimes, os pesquisadores decidiram focar em quatro fósseis de Rhamphorhynchus. Essa espécie era conhecida por ter palhetas de cauda em forma de diamante, e os cientistas utilizaram fluorescência estimulada por laser para investigá-los.
A técnica do laser funciona quando certos minerais brilham ao serem estimulados por luz. Ao passar um laser sobre os fósseis, os cientistas puderam capturar detalhes que estavam invisíveis a olho nu. A análise de um dos fósseis revelou uma estrutura em forma de treliça na palheta da cauda. Para Michael Pittman, paleontólogo da Universidade Chinesa de Hong Kong, coautor do estudo, a descoberta foi surpreendente. “Parece o cruzamento de uma batata frita com um waffle”, comparou.

Essa rede de reforço observada na palheta tem uma função importante na mecânica do voo. Segundo Jagielska, essas estruturas poderiam ficar tensas durante uma rajada de ar, funcionando de maneira similar a uma vela de barco, ajudando a reduzir vibrações e permitindo que o pterossauro fizesse curvas no ar.
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Palheta era possivelmente colorida
Além dessa possível função em voo, os cientistas também sugerem que a palheta tinha um papel social, como as penas de um pavão, usadas para atrair parceiros. Pittman acredita que, com certeza, a palheta tinha cores e padrões vibrantes, que não podem ser observados nos fósseis preservados.
No entanto, essa “superfície de exibição” precisaria de um sistema de apoio para ser eficaz. “Se a palheta fosse solta sem qualquer suporte, seria ineficiente como sinal visual”, explicou Michael Habib, especialista em voo de pterossauros, também membro da equipe. A descoberta de uma rede de reforço na cauda é um avanço importante no estudo desses animais.
O estudo foi considerado uma grande contribuição para a paleontologia. Andrea Cau, paleontólogo italiano que não participou da pesquisa, comentou que, graças à tecnologia do laser, fósseis que antes não apresentavam detalhes de tecidos moles agora revelam informações valiosas. A raridade desses restos biológicos torna cada nova descoberta crucial para o entendimento da vida no passado.
Uma das questões que Jagielska gostaria de investigar mais a fundo é o motivo pelo qual as caudas longas com palhetas desapareceram nos pterossauros no início do período Cretáceo, há cerca de 146 milhões de anos. Ela acredita que mais pesquisas podem revelar outras adaptações importantes para o voo dos pterossauros, que poderiam até inspirar o design de aviões no futuro. “Se esses animais sobreviveram por centenas de milhões de anos, algo em sua anatomia estava funcionando muito bem”.
O post Laser revela segredo sobre cauda peculiar de pterossauro apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/17/ciencia-e-espaco/laser-revela-segredo-sobre-cauda-peculiar-de-pterossauro/