25 de fevereiro de 2025
Mar de areia pode engolir cidade histórica na África
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À medida que o clima do mundo fica mais quente e seco, graças às mudanças climáticas, moradores de diferentes regiões da África vem relatando um aumento das tempestades de areia. Com isso, dunas estão mudando de lugar e novas dunas estão se formando. Algumas delas em cima de cidades.

É o caso da histórica Chinguetti, na Mauritânia. Durante séculos, poetas, viajantes, acadêmicos e teólogos se aglomeraram nesse posto comercial às margens do Deserto do Saara.

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Chinguetti tinha uma importância gigantesca para a África Ocidental e para a região norte do continente: era parada quase obrigatória das rotas comerciais do trecho. Com o tempo, os peregrinos começaram a deixar registros na cidade, que passou a contar com mais de uma dúzia de bibliotecas.

Essas bibliotecas carregam, até hoje, milhares de textos e manuscritos sobre o Islã. Mas não só isso. Os conhecimentos não se limitam à religião, e incluíam também matemática, ciência, astronomia e, especialmente, lei islâmica.

Toda essa riqueza histórica e cultural fez com que a ONU tornasse Chinguetti um patrimônio mundial da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Um título de peso, mas que não muda a realidade: Chinguetti corre o risco de ser engolida pela areia.

Especialistas atribuem o aumento das tempestades de areia às mudanças climáticas – Imagem: 418studio/Shutterstock

Um pedido de socorro

  • Moradores de Chinguetti explicam que tempestades de areia não são novas, mas estão se tornando cada vez mais fortes.
  • Parte da região central da cidade já foi tomada pelas dunas, que começaram a chegar também em alguns bairros.
  • O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura da Mauritânia, em parceria com ONGs, lançaram projetos para plantar árvores para isolar as bibliotecas do deserto que se aproxima.
  • Os esforços, no entanto, foram em vão até agora.
  • O líder comunitário Melainine Med El Wely disse ao site EuroNews que se sente agoniado.

“É como assistir a um desastre natural em câmera lenta”, afirmou ele.

“É uma cidade cercada por um oceano de areia que avança a cada minuto. Há lugares por onde caminho agora que me lembro de serem os telhados das casas quando eu era criança”, relata El Wely, que é presidente da Associação local para Gestão Participativa de Oásis.

  • Além da questão histórica e cultural, a desertificação afeta também a qualidade de vida e a alimentação dos moradores.
  • Árvores estão murchando, poços estão secando e meios de subsistência estão desaparecendo.
  • Produtores de tâmaras, por exemplo, têm encontrado cada vez mais dificuldades para nutrir suas palmeiras.
  • As areias também levantam preocupações de saúde pública para a comunidade que respira a poeira.
Imagens comparativas do deserto central do Saara, tiradas da Estação Espacial Internacional em 2013 e do Google Earth em 2003, revelam o movimento das dunas de areia ao longo de uma década – Imagem: NASA / Programa ISS

A desertificação avança

Chinguetti não é a única cidade do mundo que sofre com esse problema. Um relatório das Nações Unidas de 2024 sobre desertificação aponta que mais de três quartos das terras do planeta ficaram mais secas nas últimas décadas.

Ainda segundo o relatório, até o final do século XXI o número de pessoas em zonas áridas pode superar 5 bilhões. Os cientistas afirmam que esse é um efeito direto das mudanças climáticas que assolam a Terra.

A aridez coloca em risco a capacidade de sobrevivência de plantas, humanos e animais. Ela rouba das terras a umidade necessária para sustentar a vida, mata plantações e pode causar tempestades de areia e incêndios florestais.

E antes de culpar somente o clima, a desertificação também é intensificada por fatores como o desmatamento, a superexploração pela agropecuária, o manejo inadequado do solo e dos recursos hídricos, a urbanização e outros fatores que expõem o território e terminam por enfraquecê-lo. Ou seja, a ação do homem.

As informações são do EuroNews.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/25/ciencia-e-espaco/mar-de-areia-pode-engolir-cidade-historica-na-africa/