A Microsoft registrou um crescimento expressivo em sua receita de serviços de nuvem, mas o alto investimento em infraestrutura de inteligência artificial (IA) acendeu alertas entre investidores sobre os custos de sustentar o boom da tecnologia. A gigante de tecnologia reportou um investimento de capital recorde de quase US$ 35 bilhões no primeiro trimestre fiscal, e alertou que os gastos devem continuar a subir ao longo do ano, invertendo a previsão anterior de moderação. As informações são da agência Reuters.
Crescimento de nuvem e parcerias estratégicas
O setor de Azure, plataforma de computação em nuvem da Microsoft, cresceu 40% entre julho e setembro, superando a estimativa de 38,4% dos analistas da Visible Alpha. A previsão para o trimestre atual é de crescimento de 37%, ligeiramente acima das expectativas de 36,4%.
Segundo a CFO Amy Hood, o crescimento poderia ter sido ainda maior caso não houvesse restrições de capacidade, que devem permanecer pelo menos até junho de 2026, encerramento do atual ano fiscal.
Apesar do aumento nos gastos, o resultado financeiro da Microsoft se manteve sólido: a receita total cresceu 18%, atingindo US$ 77,7 bilhões, acima das expectativas de US$ 75,33 bilhões, enquanto o lucro por ação foi de US$ 3,72, superando a previsão de US$ 3,67.
Um fator crucial para o desempenho da Microsoft foi a parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, que fortaleceu o crescimento do Azure e ampliou a oferta de serviços de IA, como o 365 Copilot. Recentemente, a Microsoft anunciou um acordo revisado com a OpenAI, garantindo uma participação de 27% avaliada em cerca de US$ 135 bilhões, além de fatias de vendas e acesso à propriedade intelectual.
Gastos com IA geram preocupações entre investidores
O aumento expressivo nos investimentos em IA levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento e lembra o período da bolha das empresas de tecnologia nos anos 1990. Especialistas alertam que o gasto em infraestrutura está superando expectativas de Wall Street, enquanto há poucas evidências de aumento significativo de produtividade para empresas que adotam IA.

Para gerenciar a capacidade e reduzir dependência de terceiros, a Microsoft adotou medidas estratégicas:
- Direcionamento de contratos OpenAI para parceiros como Oracle;
- Desenvolvimento de modelos de IA próprios;
- Parcerias com outras empresas de IA, incluindo Anthropic;
- Priorização de clientes corporativos mais rentáveis;
- Equilíbrio entre demanda de terceiros e necessidades internas de pesquisa e desenvolvimento.
O CEO Satya Nadella afirmou que cada recusa a demandas externas que não atendam aos interesses estratégicos da empresa fortalece a capacidade de investimento em projetos de longo prazo.
Com esses movimentos, a Microsoft alcançou uma valor de mercado de US$ 4 trilhões, tornando-se a segunda empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas da Nvidia, que atingiu US$ 5 trilhões recentemente. Mesmo com a queda de quase 4% nas ações após o fechamento, a empresa segue entre as maiores vencedoras do chamado grupo “Magnificent 7” da tecnologia.
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O desafio agora é equilibrar o crescimento acelerado da nuvem e da IA com os custos crescentes de infraestrutura, garantindo que os investimentos se traduzam em resultados sustentáveis para investidores e clientes corporativos.

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