21 de setembro de 2024
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Um aglomerado de estrelas próximo ao núcleo tumultuado da Via Láctea encontrou um caminho para a imortalidade. Isso é o que sugere um novo estudo – disponível em versão de pré-impressão no servidor arXiv e ainda não revisado por pares – que propõe que essas estrelas podem capturar e destruir continuamente partículas de matéria escura em seus núcleos.

Usando simulações computacionais da evolução estelar, cientistas descobriram que a matéria escura, atraída pela gravidade dessas estrelas, frequentemente colide e se aniquila no interior estelar. Esse processo libera uma quantidade significativa de energia, transformando as partículas de matéria escura em matéria comum.

Estrelas que orbitam próximo ao centro da Via Láctea podem ser “imortais” por causa de um elemento enigmático do Universo. Crédito: Ovchinnkov Vladimir – Shutterstock

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Matéria escura estabiliza as estrelas do centro da Via Láctea

Essa fonte extra de energia poderia manter as estrelas estáveis, tornando-as potencialmente imortais, mesmo após esgotarem seu combustível nuclear convencional. “As estrelas queimam hidrogênio na fusão nuclear,” explicou Isabelle John, principal autora do estudo e doutoranda em física de astropartículas na Universidade de Estocolmo, ao site Live Science. “A pressão externa resultante dessa fusão equilibra a pressão interna da gravidade, mantendo as estrelas estáveis”.

“Nossas simulações mostram que, se as estrelas conseguem coletar grandes quantidades de matéria escura, a aniquilação dessa matéria dentro das estrelas pode gerar uma pressão externa similar à da fusão nuclear,” disse John. “Isso estabilizaria as estrelas, permitindo que usassem matéria escura como combustível, em vez do hidrogênio”.

A grande diferença aqui é a fonte de combustível. Enquanto o hidrogênio eventualmente se esgota, levando a estrela à morte, a matéria escura pode ser coletada continuamente, oferecendo um suprimento ininterrupto de energia. “As estrelas podem coletar matéria escura continuamente,” destacou a pesquisadora. Isso poderia explicar por que algumas estrelas parecem mais jovens do que o esperado – elas estão sendo revitalizadas por um combustível diferente e aparentemente inesgotável.

Uma imagem do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, mostra uma porção de 50 anos-luz de largura do centro da Via Láctea. Estima-se que 500 mil estrelas brilham nesta captura. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, S. Crowe (UVA)

Se validada, essa pesquisa poderia revolucionar nossa compreensão sobre a longevidade das estrelas e o papel da matéria escura no cosmos.

A descoberta de que estrelas poderiam utilizar matéria escura para prolongar sua vida útil não só desafia nosso entendimento atual da evolução estelar, como também abre novas possibilidades para a pesquisa sobre a matéria escura, um dos maiores mistérios do Universo.

O post Mistério das “estrelas imortais” no coração da Via Láctea pode ter sido desvendado apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/06/25/ciencia-e-espaco/misterio-das-estrelas-imortais-da-via-lactea-pode-ter-sido-desvendado/