
Uma equipe internacional de cientistas afirma ter solucionado um mistério que intriga a ciência há mais de 400 anos: por que as manchas solares permanecem estáveis por dias ou até meses na superfície do Sol. Desde as primeiras observações feitas por Galileu Galilei no século XVII, essas regiões escuras sempre chamaram a atenção dos astrônomos, mas a explicação definitiva para sua persistência só agora começa a ser compreendida.
O avanço foi apresentado em um estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics. Os pesquisadores, liderados por especialistas do Instituto de Física Solar da Alemanha, desenvolveram uma nova técnica de análise que mostra o equilíbrio delicado responsável pela estabilidade dessas estruturas solares.
Força magnética intensa em equilíbrio perfeito nas manchas solares
- As manchas solares são áreas onde o campo magnético do Sol é extremamente intenso, semelhante ao de equipamentos de ressonância magnética usados em hospitais, mas ocupando uma área maior que o planeta Terra.
- Apesar de parecerem escuras a partir da Terra, essas regiões seriam visivelmente brilhantes se fossem isoladas do restante do disco solar.
- A quantidade de manchas solares varia conforme um ciclo de 11 anos, com picos de atividade que aumentam a probabilidade de tempestades solares.
- Nessas fases, configurações magnéticas instáveis nas proximidades das manchas podem gerar erupções solares e ejecções de massa coronal, eventos que afetam sistemas de comunicação via satélite e até redes de energia elétrica na Terra.
- A hipótese de que a estabilidade das manchas solares estaria relacionada a um equilíbrio entre a pressão dos gases e a força magnética já era considerada há tempos, mas as limitações das observações feitas a partir da Terra dificultavam a comprovação.
- A atmosfera do planeta distorce as medições, tornando difícil obter dados precisos sobre os campos magnéticos solares.

Técnica inovadora permite medições de alta precisão
O novo estudo supera essa barreira ao aprimorar uma técnica desenvolvida no Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, também na Alemanha. A equipe utilizou o telescópio solar GREGOR, com um método que corrige as distorções atmosféricas, permitindo medições precisas da luz polarizada emitida pelo Sol.
Com essa abordagem, os cientistas alcançaram resultados comparáveis aos de satélites, mas a partir de observatórios terrestres e com um custo significativamente menor. As medições mostraram que, dentro das manchas solares, as forças magnéticas e a pressão dos gases estão em equilíbrio perfeito, o que explica sua longevidade mesmo em meio à turbulência constante da superfície solar.
Leia mais:
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Implicações para a previsão do clima espacial
A descoberta não tem apenas valor acadêmico. Ao entender os mecanismos que mantêm as manchas solares estáveis, os pesquisadores esperam melhorar a capacidade de prever quando elas se tornam instáveis e mais propensas a gerar eventos de clima espacial potencialmente perigosos.

Essa previsão mais precisa pode contribuir para a proteção de satélites, infraestruturas elétricas e até astronautas contra radiação solar. Em um mundo cada vez mais dependente de tecnologias espaciais e eletrônicas, avanços como esse são essenciais para mitigar os impactos de fenômenos solares extremos.
O estudo também representa um passo importante para a física solar, ao combinar observações avançadas feitas da Terra com técnicas analíticas sofisticadas.
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