24 de novembro de 2024
Mulheres na Ciência: DNA, pulsar e outras 5 injustiças que
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Ao longo da história, muitas mulheres fizeram contribuições significativas para a Ciência, mas foram subvalorizadas ou não receberam o reconhecimento merecido em vida. Em um campo dominado por homens, o Olhar Digital destaca 7 mulheres que ajudaram a impulsionar o avanço científico.

Suas descobertas desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Medicina. Aqui estão alguns exemplos dessas cientistas notáveis.

Imagem: Krakenimages.com/Shutterstock

7 maiores injustiças na história da Ciência contra mulheres

Rosalind Franklin (1920 – 1958)

Rosalind Elsie Franklin foi uma química britânica que contribuiu para a descoberta do DNA, RNA, carvão mineral, grafite e o vírus. Chegou a ter reconhecimento em vida de seus trabalhos voltados ao carvão e ao vírus, porém a descoberta principal de sua jornada foi a estruturação do DNA, cujo reconhecimento só veio, de fato, após a sua morte.

Rosalind Franklin entre os seus colegas da British Coal Association (Imagens: Wikipedia/montagem)

De origem judaica, ela cresceu em Londres, estudando Ciências Naturais no Newham College, em Cambridge, onde se formou em 1941. Também contribuiu para os avanços das imagens da difração de raios-x. Morreu aos 37 anos devido a um câncer de ovário. Aaron Klug, membro de sua equipe, continuou sua pesquisa e ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1982.

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Lise Meitner (1878 – 1968)

Lise Meitner foi uma física austríaca que estudou a radioatividade e a física nuclear, tendo sido a descobridora da fissão nuclear. Essa descoberta possibilitou a criação da bomba atômica, mas por ser judia e mulher teve o crédito negado, nunca tendo recebido o Prêmio Nobel.

Lise Meitner (Wikipedia)

Seu colega Otto Hahn foi o único a receber o Prêmio Nobel de Química em 1944 por essa descoberta. A fissão nuclear consiste em bombardear o núcleo do átomo com nêutrons para liberar uma quantidade enorme de energia térmica, sua utilidade não é apenas para a produção de uma bomba nuclear, mas vai muito além, possibilitando produzir energia nas usinas termonucleares, uma vez que a quebra do núcleo do átomo libera uma enorme quantidade de energia.

Jocelyn Bell Burnell

Susan Jocelyn Bell Burnell, nasceu em 1943, é conhecida como Jocelyn Bell Burnell, é uma astrofísica britânica que, como estudante de pós-graduação, descobriu os primeiros pulsares, em 1967, quando ainda era estudante de doutorado.

Seu orientador, Antony Hewish, recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1974 pelo trabalho, mas Bell Burnell não foi incluída. Frequentou o Departamento Preparatório do Lurgan College de 1948 a 1956, como as outras meninas, não teve permissão para estudar Ciências até que seus pais protestaram contra as políticas da escola.

Entre 1956 e 1961, seus pais a enviaram para a Mount School em York, um internato para meninas da Sociedade Religiosa de Amigos. Lá, ela conhece o Sr. Tillott, a quem atribui muito de sua vocação para a física.

Jocelyn Bell Burnell (Imagem: Reprodução Facebook)

Ela obteve seu doutorado em 1969 e recebeu o prêmio Fundamental Physics Prize em 2018, destinando o valor de US$ 3 milhões para auxiliar mulheres, minorias étnicas e estudantes refugiados a tornarem-se pesquisadores em física.

Henrietta Lacks ( 1920 – 1951)

Henrietta Lacks foi uma mulher norte-americana doadora involuntária de células cancerosas, mantidas em cultura pelo cientista George Otto Gey para criar a primeira linhagem celular imortal da história. Nas últimas sete décadas, as células de Henrietta, uma mulher negra americana que morreu de câncer cervical, salvaram inúmeras vidas e possibilitaram incontáveis descobertas científicas, como o papilomavírus humano (HPV) e as vacinas da poliomielite, medicamentos para o tratamento do HIV.

Henrietta Lack (Reprodução)

As células doadas por ela são chamadas células HeLa (iniciais do seu nome e sobrenome), e a aplicação das mesmas possibilitou a pesquisa sobre a natureza de diversos tipos de câncer, como também da tuberculose.

Ada Lovelace (1815 – 1852)

Augusta Ada Byron King, Condessa de Lovelace, mais conhecida como Ada Lovelace, foi uma matemática e escritora inglesa. É reconhecida principalmente por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, a máquina analítica de Charles Babbage.

Ela é considerada a “primeira programadora da história”, pois quando desenvolveu o projeto de Babbage, criou algoritmos que possibilitaram computar os valores de funções matemáticas. Filha de Lorde Byron, escritor de uma das versões de Don Juan, cresceu longe do pai, que se separou de sua mãe (Anne Isabella), quando ela tinha apenas um mês de vida.

Ada Lovelace / Domínio público

Na juventude, seus talentos matemáticos levaram-na a uma relação de trabalho e de amizade com o colega matemático britânico Charles Babbage, principalmente, a Máquina Analítica. Casou-se, aos 20 anos com William Lord King. Este foi nomeado Conde de Lovelace em 1838, e Ada tornou-se Lady Lovelace. Ada morreu de câncer de útero, aos 36 anos de idade.

Chien-Shiung Wu (1912 – 1997)

Chien-Shiung Wu, nascida em 29 de maio de 1912, na China, cresceu em um ambiente familiar onde seu pai, um revolucionário e entusiasta da cultura chinesa, participou da Revolução de Xangai, que ajudou a derrubar a última dinastia chinesa e a instaurar a república. Sua mãe, professora, incentivava a educação para meninas, e juntos, eles fundaram uma escola para promover o aprendizado feminino.

Wu começou a estudar cedo e, aos 11 anos, já frequentava uma escola para meninas onde teve aulas com professores chineses e estrangeiros. Ela aprendeu inglês e estudou sozinha Matemática e Ciências . Em 1930, ingressou na National Central University, em Nanking, onde se graduou em Física e iniciou seus estudos em cristalografia e raios-x.

Chien-Shiung Wu (Wikipedia)

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi a primeira mulher docente em Física na Universidade de Princeton. Mais tarde, ingressou na Universidade de Columbia, onde passou o restante de sua carreira e conduziu experimentos importantes sobre a violação da paridade.

Wu tornou-se a primeira mulher presidente da American Physics Society em 1975 e, nesse mesmo ano, recebeu a Medalha Nacional de Ciências do presidente dos EUA. Em 1978, foi a primeira mulher a receber a Medalha Wolf, por suas contribuições à pesquisa sobre o decaimento beta.

Chien-Shiung Wu é reconhecida como uma das mais importantes cientistas do século XX na área de Física Experimental. Apesar de enfrentarem obstáculos e discriminação de gênero, suas contribuições para o avanço da física moderna continuam influenciando o campo, mesmo sem o devido reconhecimento pelo Prêmio Nobel.

Rosemary Fowler

O ano era o de 1948 quando Rosemary Brown, uma estudante de doutorado de 22 anos na Universidade de Bristol, no Reino Unido, identificou uma “estranha desintegração de partículas” e mudou a compreensão da Física.

No ano seguinte, casou com Peter Fowler, seu colega físico, deixando a carreira para trás e dedicando-se à família. Em 2024, aos 98 anos ela recebeu o título de doutorado honorário em Ciências da antiga universidade.

Paul Nurse, que é reitor da instituição, destacou o“rigor intelectual e a curiosidade” de Rosemary, ao acrescentar que ela “abriu caminho para descobertas cruciais que continuam a moldar o trabalho dos físicos e a nossa compreensão do universo”.

Rosemary Fowler (Reprodução Linkedin)

Ela descobriu a partícula káon, que ajudou a prever partículas como o bóson de Higgs, que aconteceu em Cern, na Suíça, em 2012. A descoberta é um dos maiores triunfos da física moderna.

Hildegard von Bingen (1098 – 1179)

Como um “bônus” em nossa lista, vamos citar Hildegard von Bingen, conhecida como Santa Hildegarda. Ela foi uma monja beneditina, mística, teóloga, compositora, naturalista e médica informal. É considerada doutora da Igreja Católica.

Personalidade muito citada, mas de fato pouco conhecida pelo grande público moderno, rompendo as barreiras dos preconceitos contra as mulheres que existiam em seu tempo, se tornou respeitada como uma autoridade em assuntos teológicos, louvada por seus contemporâneos em altos termos.

Hoje é considerada uma das figuras mais singulares e importantes do século XII europeu, e suas conquistas têm poucos paralelos mesmo entre os homens mais ilustres e eruditos de sua geração. Seus vários e extensos escritos mostram que ela possuía uma concepção mística e integrada do universo, ainda que essa concepção não excluísse o realismo e encontrasse no mundo muitos problemas.

A solução para eles, de acordo com suas ideias, devia advir de uma união cooperativa e harmoniosa entre corpo e espírito, entre natureza, vontade humana e graça divina. Em seus estudos, procurava descobrir as propriedades medicinais de algumas plantas, o que serviu de base para muitos dos remédios da indústria farmacêutica até hoje.

Santa Hildegarda (Reprodução Filme Homônimo)

Essa é uma lista bem concisa se considerarmos muitas outras mulheres, a maioria anônimas, que contribuem com o avanço em todas as áreas do desenvolvimento humano. Afinal, nenhum de nós estaríamos aqui presentes se não fosse uma mulher para nos gerar, não é mesmo? Até a próxima.

O post Mulheres na Ciência: DNA, pulsar e outras 5 injustiças que não devem ser esquecidas apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/09/22/ciencia-e-espaco/mulheres-na-ciencia-dna-pulsar-e-outras-5-injusticas-que-nao-devem-ser-esquecidas/