
Por Paulo Moraes
Até o final de 2025, é possível que o Brasil tenha um déficit de 530 mil profissionais de Tecnologia da Informação, de acordo com estimativa do Google. O dado preocupa, mas não me surpreende, já que ano a ano tenho sido uma das muitas testemunhas da persistente escassez de talentos em TI, que se agrava na medida em que novas ferramentas são lançadas.
Somado ao dado acima, uma pesquisa da LANDtech, em parceria com o IT Forum Inteligência e o Eu Capacito, mapeou que 23% dos profissionais de TI entrevistados no Brasil recebem propostas de emprego com frequência e na rotina de 59% das pessoas ouvidas a abordagem, apesar de ser ocasional, também acontece.
Uma realidade que só intensifica o desafio dos empregadores na missão de atrair e reter. Nas reuniões de briefing com clientes da LANDtech com vagas em aberto, uma das perguntas que mais ouço é: “O que tem motivado os profissionais de TI?”. Com base no estudo que citei acima, listo a seguir algumas informações que podem auxiliar na resposta a essas e outras dúvidas.
Salário não tem sido o principal motivador dos profissionais de TI
Protagonistas de transformações, inovações e resolução de problemas no mundo corporativo, os profissionais de TI que participaram do estudo revelaram que, no momento, antes do salário, eles valorizam ter responsabilidade (resposta de 35% dos profissionais) e reconhecimento (29%).
É útil, então, que, na medida do possível, a empresa demonstre confiança nas habilidades e nas competências do colaborador por meio da oferta de autonomia. Valorizar iniciativas, conquistas e esforços também é uma forma de engajar e motivar esse profissional.
Oferta de segurança com relação ao futuro também pode ser estratégia de retenção
Quando questionados sobre os principais motivadores para deixar uma empresa, 49% dos profissionais ouvidos indicaram “plano de carreira incerto”. A lista dos principais fatores se completa com falta de expectativa de crescimento a curto prazo (opinião de 43% dos profissionais), salário incompatível com o mercado (36%), falta de reconhecimento (34%) e pouco investimento em capacitação e desenvolvimento (31%).
Os profissionais estão atentos à postura da liderança direta
Quase metade (48%) dos colaboradores afirma que tem uma liderança inspiradora e 29% classificam o líder direto como “muito bom tecnicamente”. Porém, 17% dos entrevistados disseram que seus gestores estão “apenas sentados na cadeira”, indicando a percepção dos liderados com relação a uma postura excessivamente reativa de seus líderes. Aqui, vale uma avaliação sobre a real habilidade dos gestores da sua companhia para criar um ambiente produtivo e positivo.
Ações de saúde mental também deve focar a área de TI
Prazos apertados, demandas elevadas, alta pressão e estresse. Esse é o retrato da rotina de muitos profissionais de TI. Apesar desse contexto, 52% dos entrevistados afirmaram que estão com a saúde mental em dia. Mas é importante que as organizações promovam ações para manter o bem-estar de quem não está enfrentando desafios mentais e oferecer suporte aos 5% diagnosticados com burnout e aos 40% que disseram que a própria saúde mental poderia estar melhor.
A satisfação no atual emprego é positiva, mas as propostas tendem a ser agressivas
Mais da metade dos profissionais entrevistados (61%) revelaram a intenção de permanecer na empresa em que trabalham. Porém, quando questionados sobre a satisfação no emprego atual, 21% disseram que estão avaliando outras oportunidades, 14% revelaram que precisam de algo diferente em breve e 11% contaram que o ciclo com o empregador está terminando. Vale destacar que, diante da alta adesão ao trabalho remoto, as propostas ao colaborador que está dentro da sua empresa podem vir de empresas de qualquer parte do mundo, com salários bastante atrativos.
Entendo que, na guerra por talentos em TI, assim como em outras áreas do negócio, o foco do empregador não deve ser reduzir a rotatividade a zero, porque entradas e saídas de profissionais sempre são oportunidades de renovar perspectivas, ideias e habilidades no time.
Acredito mais na contratação com critério e na oferta de ambiente, condições de trabalho e benefícios que façam o profissional sentir orgulho do ciclo vivenciado na companhia. Assim, todos têm a ganhar.
Paulo Moraes é diretor-geral da LANDtech e cofundador do Talenses Group
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