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Caros leitores, começamos essa nota com um pedido de desculpas.

O Olhar Digital publicou uma matéria, inicialmente, explicando um estudo que relaciona a convivência com gatos a um risco maior de desenvolver esquizofrenia. Essa é uma relação muito difícil de imaginar e sem qualquer comprovação. A pesquisa, que resumiremos a seguir, apenas fez observações e levantou uma hipótese. Nosso intuito era, uma vez que a pesquisa já circulava na imprensa, explicar que não havia razão para preocupação.

Não escrevemos a respeito, de forma alguma, querendo causar pânico ou desconfiança. O abandono animal é uma crueldade, sem falar nos atos de violência contra os bichanos. Quem já visitou alguma ONG da causa animal sabe como é comum que cães e gatos sofram agressões covardes. E que bom que existem trabalhos sérios para resgatar os pets e darem a eles um novo lar.

Quando falamos sobre a pesquisa da Universidade de Queensland, na Austrália, entendíamos que era importante trazer esclarecimentos. Segundo o estudo, pessoas que têm felinos em casa podem ter um risco maior de desenvolver transtornos relacionados à esquizofrenia. Detalhes foram publicados na revista Schizophrenia Bulletin no final de 2023. Mas, calma! Vamos entender direitinho essa história.

Resumo do trabalho:

A pesquisa aponta para um parasita chamado Toxoplasma gondii como a principal causa dessa ligação.
A transmissão do T. gondii, que pode gerar a toxoplasmose, ocorre por meio de carne malcozida ou água contaminada. De acordo com o Ministério da Saúde, está é uma zoonose raramente transmitida diretamente dos gatos para os humanos. O risco está no contato com as fezes contaminadas do felino e no consumo de água contaminada ou alimentos mal lavados ou mal cozidos. Os bichanos não têm culpa de nada!!
É importante ressaltar que a maioria das pesquisas analisadas no estudo mencionado são observacionais, e não provam uma relação de causa e efeito.
Estudos observacionais analisam a ocorrência de fenômenos, comportamentos e hábitos, buscando uma relação entre eles.

Quando publicamos a matéria, uma vez que as informações já circulavam em sites científicos e na imprensa, tivemos o intuito de explicar e tranquilizar. Mas, diante do posicionamento dos nossos leitores, entendemos o contraponto: falar sobre o assunto pode ser um tanto perigoso, já que nunca sabemos como quem está do outro lado da tela interpretará a mensagem. Por isso, apagamos a matéria anterior para deixar apenas essa versão.

Entidades se manifestaram

Antes mesmo da nossa publicação, o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba emitiu uma nota buscando esclarecer qualquer dúvida que tutores de gatos possam ter e questionou a divulgação de matérias sobre o estudo sem o devido contexto.

A matéria fala de uma pesquisa do Centro de Pesquisa em Saúde Mental de Queensland que liga gatos de estimação e risco de esquizofrenia, que não é conclusiva. Segundo os autores, alguns dos estudos eram de baixa qualidade; 15 das 17 análises, não podem provar causa e efeito e os resultados foram inconsistentes.

Além disso, somente de 10 a 15% dos felinos carregam o parasita causador da infecção. Geralmente, os bichanos são contaminados devido à ingestão de carne de aves e roedores. Por isso, gatos que se alimentam de ração e que vivem em casa ou apartamento, sem acesso à rua, dificilmente poderão contrair a toxoplasmose.

Nota do CRMVPB

O Conselho Regional de Medicina Veterinário do Estado do Rio de Janeiro foi na mesma linha. No texto enviado ao jornal O Globo, a entidade alerta que a contaminação ocorre por via oral, não pelo contato com gatos. O CRMV-RJ também pediu atenção para que não se alimente preconceito contra gatos e o abandono dos bichanos.

Veterinários ouvidos pelo Olhar Digital corroboraram com as notas e reforçaram que esse estudo jamais deveria ser motivo para alguém repensar na hipótese de ter um pet. Adote, cuide bem do seu melhor amigo e essa será uma relação sempre saudável!