
Nesta terça-feira (18), o Centro Espacial Johnson da NASA foi palco de uma conferência de imprensa histórica, celebrando o retorno seguro da Crew-9 após missão de nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês). O evento, que contou com a presença de altos executivos da NASA e da SpaceX, destacou os sucessos e desafios enfrentados pela equipe durante a missão.
O gerente do Programa Comercial da NASA, Steve Stich, abriu a conferência expressando sua satisfação com o retorno da Crew-9, que incluiu os astronautas Nick Hague, Sunita Williams, Butch Wilmore e o cosmonauta Aleksandr Gorbunov. Williams e Wilmore permaneceram nove meses “presos” no Espaço (entenda o motivo mais abaixo).
“Foi incrível ver todos saírem do Dragon, sorrindo e gritando de alegria“, comentou Stich, referindo-se ao momento do desembarque na costa de Tallahassee, onde a cápsula fez um splashdown bem-sucedido às 18h57 (horário de Brasília).
Durante a missão, a Crew-9 realizou cerca de 150 experimentos a bordo da ISS, acumulando mais de 900 horas de pesquisa. Os experimentos incluíram investigações sobre doenças sanguíneas, desordens autoimunes e até mesmo o crescimento de plantas para futuras missões à Lua e Marte.
“O trabalho que fazemos na ISS beneficia não apenas a nação, mas, também, as pessoas na Terra“, afirmou Joel Montalbano, administrador associado adjunto da diretoria de missões de operações espaciais da NASA.
O retorno da Crew-9 também marcou a última recuperação do Dragon na costa oeste dos Estados Unidos, com planos de transferir todas as operações de recuperação para a costa leste no futuro. “Esperamos que a costa da Califórnia traga tantos golfinhos quanto vimos durante a operação de hoje”, brincou Sarah Walker, diretora espacial do gerenciamento da missão Dragon da SpaceX, destacando a beleza do evento.
A conferência também abordou a importância da colaboração entre a NASA e a SpaceX, com Stich elogiando a adaptabilidade e a resiliência das equipes. “A SpaceX tem sido uma ótima parceira, mostrando os benefícios da colaboração entre o setor público e privado”, disse ele.
Com a Crew-10 já em operação, a NASA se prepara para o próximo lançamento, que está agendado para julho. “Estamos ansiosos para continuar nossa missão de exploração espacial”, concluiu Stich, enquanto os astronautas se preparavam para se reunir com suas famílias após a reabilitação.
O evento não apenas celebrou o sucesso da Crew-9, mas, também, reafirmou o compromisso contínuo da NASA e da SpaceX com a exploração espacial e a pesquisa científica, abrindo novas possibilidades para futuras missões e colaborações internacionais.
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Williams e Wilmore partiram para a ISS em junho de 2024, no primeiro voo tripulado da cápsula Starliner, da Boeing, para missão de oito dias – que durou mais de nove meses.
Vamos relembrar a saga dos astronautas “presos” no espaço:
- O Teste de Voo Tripulado da Starliner – ou CFT, na sigla em inglês – foi lançado em 5 de junho de 2024, no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA);
- Isso aconteceu após uma série de adiamentos;
- A última suspensão foi em razão de vazamento de hélio na cápsula;
- O problema não foi entendido como tão grave e a espaçonave decolou rumo à ISS;
- No trajeto, mais vazamentos de hélio foram identificados;
- A acoplagem também apresentou problema: uma anomalia fez cinco dos 28 propulsores do módulo falharem em seu funcionamento, atrasando a ancoragem em mais de uma hora;
- Em agosto, a NASA anunciou que Williams e Wilmore voltariam para casa em uma espaçonave Dragon, da SpaceX, junto com os tripulantes da missão Crew-9 (que foi lançada com apenas dois membros justamente para esse fim);
- Já a cápsula Boeing Starliner foi enviada de volta à Terra vazia, por motivos de segurança, em setembro.
Mas, por que tanta demora? O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a acusar o governo anterior de deixar os astronautas “abandonados” na ISS – o que foi desmentido pela dupla.
Acontece que há um calendário e um trânsito a se cumprir no laboratório orbital. Todas as tripulações que vão para lá sabem que a previsão de volta pode não se cumprir dentro do prazo estabelecido (e tudo é meticulosamente calculado).
As equipes normalmente voltam para a Terra no mesmo veículo que as conduziram, que fica atracado na estação durante todo o percurso da missão. Como a espaçonave Starliner apresentou problemas graves e precisou regressar vazia ao planeta, seus tripulantes tiveram que aguardar a oportunidade mais adequada de retorno.
E não foi a primeira vez que isso aconteceu. É comum que astronautas excedam (e muito) o tempo de permanência previsto na ISS. Normalmente, as missões duram cerca de seis meses, mas podem ser estendidas por vários motivos, como experimentos ou imprevistos.

No caso de Williams e Wilmore, eles passaram 286 dias em órbita. O astronauta Frank Rubio, dos EUA, junto com os russos Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, permaneceram 371 dias consecutivos no Espaço entre 2022 e 2023.
Isso porque um incidente danificou a espaçonave russa Soyuz que os traria de volta à Terra, motivo pelo qual a estadia do trio no laboratório orbital foi prorrogada por mais seis meses, até a chegada de uma cápsula de substituição.
Embora garantam que não se sentiam “presos”, vale uma observação curiosa: a cápsula Dragon da missão Crew-9 onde Williams e Wilmore embarcaram de volta para a Terra se chama Freedom – “Liberdade”, em inglês.
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