Há mais de 90 anos, o físico Albert Einstein sugeriu algo revolucionário: usar o Sol como um telescópio gigante. Em 1936, ele publicou um estudo simples que descrevia essa ideia. Hoje, a proposta não parece tão distante – e a NASA já está explorando maneiras de torná-la realidade.
Einstein escreveu na revista Science sobre um pedido de um colega chamado R. W. Mandl para publicar um cálculo que ele, Einstein, fez a pedido dele, Mandl. O artigo mostrou que objetos gigantes no espaço, como o Sol, podem dobrar o espaço-tempo e alterar o caminho da luz. Esse fenômeno, previsto pela teoria da relatividade geral, pode ser usado para criar telescópios mais poderosos.
Quando a luz de um objeto distante passa perto do Sol, ela é dobrada pela gravidade da estrela, focando em uma região específica do espaço. Esta região está a cerca de 550 Unidades Astronômicas (UA) do Sol, sendo que uma UA é a distância entre a Terra e o Sol, que corresponde a 150 milhões de km. Isso significa que há uma área do nosso Sistema Solar onde a luz por trás do Sol é focada devido à gravidade do astro.
Em 1979, Von Russel Eshleman, outro cientista, propôs a construção de um telescópio que utilizasse este efeito. Em artigo também publicado na Science, ele explicou que uma espaçonave posicionada nesta linha focal poderia observar e se comunicar com objetos a distâncias interestelares, usando equipamentos semelhantes aos utilizados para distâncias interplanetárias. Eshleman também mencionou que, ao negligenciar os efeitos coronais, o fator de ampliação máximo para radiação coerente é inversamente proporcional ao comprimento de onda, chegando a 100 milhões para um milímetro.
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Projeto da NASA permitirá ver possíveis sinais de habitabilidade em outros planetas
Atualmente, usamos lentes gravitacionais para observar objetos muito distantes, mas somos limitados pela localização desses objetos e daqueles que estão atrás deles. Com espaçonaves, poderíamos posicionar nosso telescópio do outro lado do Sol em relação ao objeto que queremos ver, aumentando muito nossa capacidade de observação. A NASA está trabalhando em um projeto que, se bem-sucedido, poderia nos permitir tirar fotos de superfícies de exoplanetas próximos.
Segundo a agência, mesmo com a interferência da coroa solar, a relação sinal-ruído é suficientemente alta para que, em seis meses de integração, possamos reconstruir a imagem de um exoplaneta com resolução de aproximadamente 25 km. Isso seria suficiente para ver características de superfície e possíveis sinais de habitabilidade.
Einstein, apesar de ter considerado a ideia improvável de ser observada diretamente, plantou a semente para futuras explorações. Ele achava que não havia esperança de observar esse fenômeno diretamente, e que dificilmente nos aproximaríamos o suficiente de uma linha tão central. Desde o lançamento da sonda Voyager I em 1977, que alcançou pouco mais de 160 UA, viajar 550 UA não parece tão impossível.
A NASA propõe usar uma frota de pequenos satélites com velas solares para alcançar essa posição em menos de 25 anos. Embora ainda haja desafios técnicos, como a distorção causada pelas lentes gravitacionais e a necessidade de mover espaçonaves por grandes distâncias, estamos mais próximos de conseguir imagens detalhadas de exoplanetas.
Ver imagens reais das superfícies de planetas alienígenas seria um grande feito científico. Fazer isso ainda durante esta existência é algo incrível, mesmo que Einstein tenha pensado nisso como algo sem grande relevância.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/05/23/ciencia-e-espaco/nasa-quer-usar-o-sol-como-telescopio-para-observar-planetas-alienigenas/