
Mais de 60% dos acidentes de trânsito em cruzamentos envolvem conversões à esquerda, e cidades como São Francisco e Salt Lake City estão restringindo esse tipo de manobra em determinados horários.
Segundo Vikash Gayah, professor associado de Engenharia Civil da Universidade Estadual da Pensilvânia, “as conversões à esquerda são perigosas porque exigem cruzar o tráfego em sentido contrário, o que aumenta o risco de colisões em ângulo — um dos tipos mais graves de acidentes”.
Além do risco, Gayah explica que esse tipo de conversão atrapalha o fluxo e reduz a eficiência dos cruzamentos. “Quando um carro espera para virar à esquerda, ele pode bloquear outras faixas.
E, para permitir esse movimento, os semáforos precisam parar todos os outros veículos, o que diminui a fluidez e desperdiça tempo com fases de luz vermelha em todos os sentidos”, afirma.
O perigo das curvas à esquerda
- Estudos citados por Gayah mostram que, embora as conversões à esquerda sejam menos frequentes nos cruzamentos, representam 61% dos acidentes nesse ambiente.
- “Isso é desproporcional e preocupante”, destaca ele.
- Algumas cidades, como São Francisco, adotam restrições apenas nos horários de pico — por exemplo, entre 7h e 9h ou entre 16h e 18h.
- “Essa abordagem localizada é eficiente sem exigir mudanças drásticas”, diz Gayah.
O professor também comenta alternativas como as rotatórias, que eliminam o cruzamento direto de tráfego oposto.
Apesar disso, ele pondera que “rotatórias funcionam bem em alguns contextos, mas podem causar congestionamentos em áreas com tráfego intenso e exigem muito espaço, o que nem sempre é viável em áreas urbanas consolidadas”.
Gayah defende que, mesmo que os motoristas percorram distâncias um pouco maiores, o ganho é positivo: “Com menos paradas, o tempo total de viagem tende a diminuir. Em média, adiciona-se um quarteirão por trajeto, mas com menos espera nos cruzamentos, a chegada ao destino é mais rápida.”
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Poupar combustível é outra razão para a proibição
Do ponto de vista ambiental e econômico, a restrição também traz ganhos. “Descobrimos que as viagens consomem de 10% a 15% menos combustível quando evitam conversões à esquerda, por causa da redução no número de paradas”, diz ele.
Por isso, empresas como a UPS já evitam intencionalmente esse tipo de conversão em suas rotas.
“É uma ideia que ainda causa estranhamento, mas acredito que, com o tempo, as pessoas vão aderir, especialmente quando perceberem que chegam mais rápido aos seus destinos”, conclui Gayah.
A versão original deste texto foi publicada no The Conversation.

O post Nos EUA, proibir conversões à esquerda pode salvar vidas — e combustível apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/02/pro/nos-eua-proibir-conversoes-a-esquerda-pode-salvar-vidas-e-combustivel/