Não é apenas impressão, mas nossa conexão com a natureza está realmente diminuindo, e isso também tem conexão ao desaparecimento de palavras conectadas à natureza dos livros. Palavras como “rio”, “flor” ou “musgo” aparecem cada vez menos na literatura, afirma estudo da Universidade de Derby, na Inglaterra.
O estudo destaca como as pessoas estão se distanciando da natureza no seu dia a dia e demonstrou que a conexão caiu 200% em 200 anos. Para identificar essas mudanças, Miles Richardson, professor do curso de Conexão com a Natureza na universidade, utilizou dados sobre a urbanização crescente, perda de vida selvagem e famílias que abandonaram o envolvimento de seus filhos com a natureza.
Richardson também descobriu o desaparecimento de palavras entre 1800 e 2020, com pico de declínio de 60,6% em 1990, destacou artigo no jornal The Guardian.
A conexão com a natureza e a crise ambiental
O declínio da conexão com a natureza indica que as pessoas estão perdendo a consciência da importância do meio ambiente no seu dia a dia, simplesmente por ela estar cada vez mais escassa nas grandes cidades. O pesquisador também pontuou que uma parte da culpa vem das famílias, com os pais deixando de transmitir aos filhos uma orientação em relação ao mundo natural.
A conexão com a natureza é agora aceita como uma das principais causas da crise ambientar. É de vital importância também para a nossa saúde mental, por unir as pessoas ao bem-estar da natureza. Há uma necessidade de mudanças transformadoras se quisermos transformar a relação da sociedade com a natureza.
Miles Richardson, professor do curso de Conexão com a Natureza na Universidade de Derby, em entrevista ao The Guardian.
O pesquisador testou diferentes políticas e mudanças urbanas no modelo utilizado e chegou à conclusão de que as mudanças necessárias para reverter essa perda de conexão com a natureza será muito grande.
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Além disso, adotar iniciativas para que as pessoas passem mais tempo em contato com a natureza, apesar de muito bem-vindas, não é suficiente. Para recuperar o tempo perdido, as cidades precisam aumentar em pelo menos 10 vezes a cobertura verde em seu território.
De acordo com o estudo, para reverter a desconexão com a natureza é necessário:
- Aumentar significativamente a cobertura verde nas cidades – pelo menos 10 vezes mais.
- Promover a conscientização ambiental, especialmente envolvendo famílias e crianças pequenas.
- Estimular contato frequente com a natureza, como passar mais tempo ao ar livre.
- Garantir a transmissão de conhecimento e valores ambientais entre gerações.
- Manter e incentivar o fascínio infantil pela natureza durante a infância e escolaridade.
- Investir em arborização urbana como parte das políticas públicas.
Conscientização é a chave para virar esse jogo
No entanto, de acordo com o estudo, medidas voltadas para a conscientização e o engajamento com a natureza que envolvam famílias com crianças pequenas, parecem ser mais eficazes.
No modelo utilizado para o estudo, se intervenções significativas forem adotadas, é possível uma recuperação autossustentável nos próximos anos. Ou seja, possíveis mudanças sociais que restabeleçam a conexão com a natureza, como passar mais tempo ao ar livre, podem ser extremamente eficazes.
Trabalhar com famílias e pais para envolver as crianças com a natureza, com foco real nessa transmissão entre gerações, é fundamental. Um recém-nascido é muito parecido com uma criança nascida em 1800, e as crianças são fascinadas pelo mundo natural. Manter isso durante a infância e a escola é essencial, juntamente com a arborização urbana.
Miles Richardson, professor do curso de Conexão com a Natureza na Universidade de Derby, em entrevista ao The Guardian.
Ou seja, como sempre, o futuro está nas mãos das nossas crianças, cabe aos pais incentivá-las a proteger o planeta que todos teremos um futuro um pouco mais tranquilo.
O post Nossa conexão com a natureza diminuiu 200% em 200 anos. O que mudou? apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/13/ciencia-e-espaco/nossa-conexao-com-a-natureza-diminuiu-200-em-200-anos-o-que-mudou/
