30 de janeiro de 2025
Novo “monstro cósmico” é diferente de tudo que astrônomos já
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Rajadas rápidas de rádio, conhecidas pela abreviação FRB (da sigla em inglês), são emissões de ondas de rádio tão velozes que acontecem em uma fração de segundo. Elas também são muito poderosas, emitindo tanta energia quanto o Sol ao longo de um dia inteiro (ou mais). Uma FRB observada recentemente está desafiando tudo que astrônomos sabiam sobre essa classe de seres cósmicos.

A galáxia foi avistada no ano passado e já está entre as mais massivas detectadas. O evento é tão único que pode ser estudado pelo James Webb em breve, em busca de respostas.

FRB 20240209A (Imagem: The Astrophysical Journal Letters/Reprodução)

O que são as rajadas rápidas de rádio

Como explicamos, elas são emissões rápidas de rádio, que acontecem em frações de segundo e carregam muita energia. A maioria das FRBs é associada a uma subclasse das estrelas de nêutrons chamada magnetares. Os magnetares são estrelas de nêutrons com campos magnéticos muito potentes em energia.

A FRB 20240209A não é assim. Essa FRB foi observada pela primeira vez por um grupo de pesquisadores das universidades de Northwestern (nos Estados Unidos) e McGill (no Canadá) no dia 9 de fevereiro de 2024, usando o radiotelescópio Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment. Os experimentos se repetiram e ela foi avistada novamente em julho do ano passado, com 21 novos pulsos.

Isso permitiu que os astrônomos identificassem a localização do astro, a 2 bilhões de anos-luz da Terra, e sua massa, de cerca de 100 bilhões de vezes a massa do nosso Sol.

De acordo com o site IFLScience, a observação também trouxe um mistério: essas rajadas rápidas de rádio contrariam o que astrônomos sabem sobre esses corpos. Primeiro, porque elas são as primeiras FRBs a virem de uma galáxia elíptica massiva e antiga. Segundo, porque estão longes do centro de uma galáxia formadora, a cerca de 130 mil anos-luz.

Astro foi avistado usando o Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment, o CHIME (Imagem: Andre Renard, Dunlap Institute for Astronomy & Astrophysics, University of Toronto)

Por que isso é um problema?

Segundo Tarraneh Eftekhari, líder do estudo, em uma declaração, a teoria mais comum é que as FRBs vêm de magnetares formados por supernovas de colapso de núcleo, causadas pelo fim da vida de estrelas jovens massivas. Não é o caso da FRB 20240209A, já que a pesquisa não encontrou nenhuma evidência de estrelas jovens nessa galáxias.

A partir dessa descoberta, o estudo sugere que nem todas as rajadas rápidas de rádio venham de estrelas jovens e talvez haja uma população delas que venha de sistemas espaciais ainda mais antigos.

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O que isso significa para as rajas rápidas de rádio?

  • De acordo com Eftekhari, a FRB 20240209A está entre uma das galáxias mais massivas que existem;
  • Além disso, ela é a primeira da periferia de uma galáxia elíptica;
  • Agora, a equipe enviou uma proposta ao Telescópio Espacial James Webb para estudar esse astro e ver se há um aglomerado globular no local desta FRB, o que explicaria as contradições. Se não, é um evento raríssimo, que será ainda mais estudado.

Os estudos foram publicados no The Astrophysical Journal Letters aqui e aqui.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/28/ciencia-e-espaco/novo-monstro-cosmico-e-diferente-de-tudo-que-astronomos-ja-viram/