3 de setembro de 2025
O que se sabe sobre o terremoto de magnitude 6
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Um novo terremoto de magnitude 5,5 atingiu o sudeste do Afeganistão na terça-feira (2), dois dias após um tremor de magnitude 6 devastar a mesma região e deixar mais de 1,4 mil mortos. O segundo abalo ocorreu a uma profundidade rasa de dez quilômetros, mesmo nível do tremor anterior, aumentando o pânico entre moradores e dificultando ainda mais as operações de resgate.

De acordo com o porta-voz do governo Talibã, Zabihullah Mujahid, pelo menos 1.411 pessoas morreram, 3.124 ficaram feridas e mais de 5,4 mil casas foram destruídas. A Sociedade do Crescente Vermelho Afegão alertou que ainda há vítimas presas sob os escombros e o coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) no país afirmou que o número de mortos deve aumentar.

Porta-voz do governo Talibã afirmou que pelo menos 1.411 pessoas morreram, 3.124 ficaram feridas e mais de 5,4 mil casas foram destruídas (Imagem: Organização Internacional para Migrações no Afeganistão/redes sociais)

Em que estado se encontra o Afeganistão?

  • O cenário é de destruição generalizada, com estradas bloqueadas, vilarejos isolados e risco constante de deslizamentos;
  • “O tremor secundário causou pânico e interrompeu os esforços de resgate, pois fez com que pedras deslizassem montanha abaixo, interditando ainda mais estradas e tornando perigosa a escavação nos escombros”, disse Safiullah Noorzai, da Aseel, plataforma de tecnologia humanitária que atua em todo o país. Segundo a Reuters, ele destacou que mais pessoas ficaram feridas, o que pode elevar as cifras da tragédia;
  • As províncias orientais de Kunar e Nangarhar foram as mais atingidas. Em Kunar, operações de resgate foram conduzidas em quatro vilarejos na segunda-feira (1) e, agora, equipes tentam alcançar áreas ainda mais remotas;
  • Não podemos prever com precisão quantos corpos ainda podem estar presos sob os escombros”, afirmou Ehsanullah Ehsan, chefe provincial de gestão de desastres. “Nosso esforço é concluir essas operações o mais rápido possível e começar a distribuir ajuda às famílias afetadas.”

Equipes enfrentam grandes dificuldades para acessar as áreas devastadas. Estradas estreitas nas montanhas estão interditadas e ambulâncias formam filas para tentar chegar aos vilarejos, enquanto helicópteros transportam feridos e levam suprimentos. Muitos sobreviventes estão vivendo ao ar livre, temendo novos tremores.

A situação das crianças é especialmente grave. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que milhares estão em risco e anunciou o envio de medicamentos, roupas de frio, barracas, lonas e itens de higiene, como sabão, detergente, toalhas, absorventes e baldes de água.

A Save the Children também pediu à comunidade internacional a liberação urgente de fundos de emergência. “Isso agora é uma corrida contra o tempo para salvar vidas – tirar pessoas feridas de vilarejos remotos cortados por deslizamentos de rochas e garantir água potável, comida e abrigo“, afirmou Samira Sayed Rahman, diretora de programas e advocacy da organização.

O desastre sobrecarregou ainda mais o governo do Talibã, já fragilizado pela redução da ajuda externa e pela deportação em massa de afegãos por países vizinhos. Soldados foram mobilizados para fornecer segurança e apoio logístico.

Marcação de terremoto
Segundo abalo ocorreu a uma profundidade rasa de dez quilômetros, mesmo nível do tremor anterior (Imagem: menur/Shutterstock)

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que “estradas danificadas, tremores secundários e a localização remota de muitos vilarejos dificultam severamente a entrega de ajuda”. Segundo a entidade, mais de 12 mil pessoas foram afetadas pelo desastre. “A fragilidade prévia do sistema de saúde significa que a capacidade local está sobrecarregada, criando dependência total de atores externos“, destacou.

Até agora, o Reino Unido destinou 1 milhão de libras (US$ 1,35 milhão/R$ 7,38 milhões) para apoiar esforços da ONU e do Crescente Vermelho Internacional.

A Índia enviou mil barracas e 15 toneladas de suprimentos alimentares para Kunar. China, Emirados Árabes Unidos, União Europeia (UE), Paquistão e Irã também prometeram ajuda, mas os carregamentos ainda não chegaram.

Vulnerabilidade aos desastres naturais

O Afeganistão é altamente vulnerável a terremotos, especialmente na cordilheira Hindu Kush, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. A atual tragédia é considerada uma das piores dos últimos anos e escancara a vulnerabilidade do país, marcado por décadas de guerra, pobreza extrema e dependência de ajuda humanitária internacional.

Mapa do Afeganistão
País é vulnerável a terreotos, pois duas placas tectônicas se encontram em seu território (Imagem: Rohane Hamilton
/Shutterstock)

O post Novo terremoto atinge o Afeganistão e agrava crise humanitária apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/02/ciencia-e-espaco/novo-terremoto-atinge-o-afeganistao-e-agrava-crise-humanitaria/