
Um novo estudo demonstra que o peculiar núcleo de Júpiter pode não ter se formado em uma gigante colisão, como se pensava anteriormente. Os pesquisadores acreditam que a estrutura do interior do maior gigante gasoso do Sistema Solar não é tão rara, podendo ser encontrada em outros planetas colossais pelo Universo.
Diversas hipóteses sobre o interior de Júpiter foram debatidas por décadas até que, em 2016, dados coletados pela missão Juno, da NASA, demonstraram que o núcleo jupteriano não é denso como se pensava, mas sim “difuso”. Suas propriedades estão entre o sólido e o líquido, parecendo não haver uma fronteira delimitada entre a parte rígida e os gases ao redor.
Uma estrutura planetária dessa natureza intrigou a comunidade científica, que buscou entender sua origem. Em um estudo de 2019, pesquisadores concluíram que metade dos elementos pesados no núcleo do gigante gasoso parou ali após a colisão de um planeta com cerca de dez vezes a massa da Terra.
Colisão não explica completamente o núcleo de Júpiter
Agora, uma nova simulação feita por cientistas da Universidade de Durham, na Inglaterra, demonstrou que o impacto aparentemente não foi o evento fundamental para a formação do núcleo jupteriano. Com um supercomputador, a equipe modelou a maneira como o choque estilhaçaria o planeta e como os fragmentos desse evento se depositariam.
Durante as simulações, os pesquisadores descobriram que o núcleo difuso surgiria independentemente de como ajustassem o tamanho, a composição ou o ângulo de impacto do corpo espacial.
Os pesquisadores produziram uma animação para ilustrar o impacto (disponível abaixo). O estudo foi publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
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Após a colisão, os fragmentos de rocha e gelo se reacomodariam rapidamente, deixando uma fronteira entre as camadas de gás e o centro sólido, ao invés de formar a zona de transição suave entre as duas regiões.
“Vemos em nossas simulações que esse tipo de impacto abala o planeta até seu núcleo, mas não da maneira correta para explicar o interior de Júpiter que vemos hoje”, disse Thomas Sandnes, doutor em física pela Universidade de Durham e líder do estudo, em um comunicado.
Júpiter não é o único com núcleo difuso
A pesquisa destaca que Júpiter não é o único planeta com núcleo difuso: Saturno também apresenta um interior semelhante. Segundo os pesquisadores, esse fato reforça a ideia de que núcleos dessa natureza não surgem de impactos raros, mas se formam gradualmente durante a evolução planetária.
Os resultados do estudo não excluem a possibilidade de grandes colisões ao longo da formação de Júpiter. Pesquisas recentes indicam que o gigante gasoso se originou principalmente pela acumulação de pequenos corpos celestes, e não pelo colapso direto de uma nuvem de gás

“Impactos gigantes são uma parte fundamental da história de muitos planetas, mas eles não conseguem explicar tudo”, ressaltou Jacob Kegerreis, coautor do estudo.
As descobertas da pesquisa também podem auxiliar astrônomos na compreensão de exoplanetas similares a Júpiter e Saturno. Se núcleos difusos não precisarem de impactos extremos para surgirem, como demonstrou a simulação, então outros astros pelo cosmos também podem apresentar interiores complexos.
“Este projeto representa mais um avanço no desenvolvimento de novas formas de simular esses eventos colossais com nível crescente de detalhes. Isso nos ajuda a refinar o entendimento sobre como surgiu a incrível diversidade de planetas que observamos no Sistema Solar e além, concluiu Kegerreis.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/26/ciencia-e-espaco/o-estranho-nucleo-de-jupiter-pode-ter-outra-origem-revela-estudo/