3 de agosto de 2025
O “lêmure voador” que não voa e nem é lêmure
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Ele não voa, não é lêmure e ainda assim é chamado de “lêmure voador”. O colugo, um mamífero do Sudeste Asiático, desliza entre árvores com tanta habilidade que parece ter saído de um filme de super-herói. Curiosamente, seus parentes mais próximos são os primatas, como os macacos e os humanos.

Ele pode planar por até 100 metros usando uma espécie de “asa” natural: uma membrana de pele que vai do pescoço até as pontas dos dedos e do rabo. Essa estrutura, chamada de patágio, transforma o corpo do colugo numa espécie de paraquedas vivo, permitindo que ele se desloque sem nunca tocar o chão.

Apesar da aparência estranha, olhos enormes, patas longas e dentes que lembram pentes, o colugo é um animal extremamente adaptado. Herbívoro, se alimenta de folhas, flores e seiva, e passa quase toda a vida no alto das árvores.

Mestre do disfarce, sem ser predador nem presa

Durante o dia, o colugo quase não se move. Ele se agarra ao tronco das árvores com tanta firmeza que passa despercebido até por olhos atentos. Uma estratégia eficaz contra predadores como cobras e aves de rapina.

O colugo passa o dia agarrado ao tronco, quase invisível entre as cascas e sombras da floresta (Imagem: Martin Pelanek/Shutterstock)

Apesar de parecer um bicho solitário, o colugo é um cuidadoso “pai” (ou melhor, “mãe”). As fêmeas carregam seus filhotes grudados no corpo, usando a pele que vai de seus braços às pernas como se fosse uma rede ou bolsa natural. Essa espécie de “berço” mantém os filhotes quentinhos e seguros até que eles estejam prontos para começar a planar sozinhos.

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Pouca gente já viu um colugo ao vivo. Discreto, noturno e silencioso, ele vive em florestas tropicais cada vez mais ameaçadas pelo desmatamento. Para os cientistas, preservar esse animal é como guardar uma página importante do livro da evolução.

Planador do passado, incógnita do futuro

Apesar de ser uma das criaturas mais únicas da natureza, o colugo continua envolto em mistério. Sua rotina escondida entre as copas das árvores e seus hábitos noturnos tornam difícil estudá-lo de perto. Por isso, muitos aspectos do seu comportamento permanecem desconhecidos para a ciência.

Colugo.
Com as “asas” estendidas, o colugo consegue planar como uma pipa (Imagem: Lauren Suryanata/Shutterstock)

Estudos genéticos recentes reforçam o papel do colugo no quebra-cabeça da evolução dos mamíferos. Seu DNA revela uma ligação inesperada com os primatas, apontando para um ancestral comum que viveu há dezenas de milhões de anos.

Se desaparecer, o colugo levará consigo pistas valiosas sobre nossos próprios antepassados. Proteger esse animal curioso é mais do que salvar uma espécie exótica. Trata-se de conservar um elo raro da história da vida na Terra.

Com informações da Live Science.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/03/ciencia-e-espaco/o-lemure-voador-que-nao-voa-nem-e-lemure/