16 de julho de 2025
Nascimento de um sistema planetário é visto pela primeira vez
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Como nascem os planetas? Se você já se questionou sobre isso, saiba que, pela primeira vez, um grupo de cientistas conseguiu ter um vislumbre real desse processo. Os astrônomos identificaram o momento em que partículas de material (que um dia formarão planetas) começaram a se aglomerar ao redor de uma jovem estrela, localizada a cerca de 1.300 anos-luz da Terra

A pesquisa, publicada nesta quarta-feira (16) na revista Nature, foi liderada pela Universidade de Leiden. Os cientistas usaram dados do maior observatório astronômico do mundo, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, e do maior telescópio espacial já lançado, o James Webb.

“Pela primeira vez, identificamos o momento inicial da formação de um planeta ao redor de uma estrela diferente do nosso Sol”, disse Melissa McClure, líder da equipe e pesquisadora da Universidade de Leiden.

A estrela jovem e seu disco protoplanetário

A estrela “infantil” foi batizada de HOPS-315. Ela tem menos de 100 mil anos e está localizada na constelação de Órion. Ao seu redor, foi detectado um disco protoplanetário, composto por gás e poeira.

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Um disco protoplanetário é formado por partículas frias e superdensas de gás e poeira interestelar que colapsam durante a formação de uma estrela devido à sua própria gravidade. Esse material se organiza em um formato achatado – daí o nome “disco” – e é nesse “berçário” que novos planetas surgem.

Disco em fase inicial

Esses discos já foram observados diversas vezes ao redor de estrelas jovens. No entanto, para entender a origem de um planeta, os pesquisadores precisavam de um registro de um disco em estágio inicial.

“Sempre soubemos que as primeiras partes sólidas dos planetas, ou ‘planetesimais’, devem se formar em estágios mais iniciais”, completou McClure ao Observatório Europeu do Sul.

Disco da HOPS-315 (Imagem: ALMA(ESO/NAOJ/NRAO)/M. McClure et al)

Para fazer a descoberta, os pesquisadores contaram com a ajuda de material antigo presente em meteoritos encontrados na Terra. Esses meteoritos contêm minerais cristalinos ricos em monóxido de silício (SiO), que podem se condensar sob as temperaturas extremamente elevadas dos discos planetários jovens. Com o tempo, esses sólidos recém-condensados se aglutinam, formando as sementes para a formação de planetas à medida que ganham tamanho e massa.

“Os primeiros planetesimais – de tamanho quilométrico – do Sistema Solar, que evoluíram para planetas como a Terra ou para o núcleo de Júpiter, formaram-se logo após a condensação desses minerais cristalinos”, explicam os pesquisadores. Esse material crucial está presente no disco da HOPS-315.

Com os dados obtidos, a equipe determinou que os sinais químicos vêm de uma pequena região do disco ao redor da estrela, equivalente à órbita do cinturão de asteroides em nosso Sistema Solar. “Estamos vendo esses minerais em uma região desse sistema extrassolar que corresponde ao local onde encontramos asteroides no nosso próprio Sistema Solar”, disse Logan Francis, coautor do estudo e pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Leiden.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/16/ciencia-e-espaco/o-nascimento-de-um-sistema-planetario-e-visto-pela-primeira-vez/