
A palavra macaco tem origem no termo africano “makaku”, adotado pelos navegadores portugueses ao descrever primatas encontrados durante as grandes expedições marítimas. Nos relatos da época, esses animais eram vistos como criaturas inteligentes e habilidosas, capazes de formar grupos organizados, defender territórios e usar objetos simples para obter alimento, o que os tornou símbolo de uma ponte entre mundos distintos.
Séculos depois, esse olhar de curiosidade se tornou estudo científico, revelando que certas espécies compartilham mais de 98 por cento do nosso material genético e exibem comportamentos sociais complexos, como cuidado com feridos e uso de ferramentas.
Essa similaridade deixou no ar uma pergunta intrigante sobre a distância real que nos separa desses parentes tão próximos. Então, qual a diferença entre o homem e os primatas, e como a evolução nos conecta?
O homem e o chimpanzé estão ligados por uma história evolutiva comum que começou há milhões de anos. Eles são nossos parentes vivos mais próximos, com cerca de 98 a 99 por cento do DNA compartilhado com o ser humano moderno.
Essa proximidade faz com que as semelhanças entre nós sejam visíveis não apenas no nível genético, mas também no comportamento, na organização social e até na forma como interagem com o ambiente.
Quando observamos um grupo de chimpanzés, podemos ver um reflexo distante de nossa própria jornada evolutiva. Eles criam laços sociais, cuidam dos filhotes em conjunto e são capazes de demonstrar empatia, tristeza e alegria de maneiras que parecem profundamente humanas.
Os chimpanzés também apresentam habilidades impressionantes com ferramentas. Em diversos estudos de campo foram observados escolhendo gravetos, moldando-os para extrair cupins e usando pedras como martelos para quebrar sementes ou frutos duros. Essa capacidade de adaptação e aprendizado cultural mostra como o cérebro deles, apesar de menor, possui circuitos capazes de processar informações e aplicar soluções a problemas complexos.

No entanto, por mais fascinante que seja essa proximidade, existe um abismo significativo quando comparamos nossas habilidades linguísticas. É nesse ponto que a diferença entre homem e chimpanzé se torna evidente e ajuda a entender como a evolução moldou caminhos distintos.
Anatomicamente, somos muito parecidos com eles. A estrutura das mãos, por exemplo, é tão semelhante que muitos estudos sobre movimentos finos e reabilitação humana utilizam o macaco como modelo experimental.
O sistema nervoso central também possui áreas equivalentes às humanas, incluindo giros e sulcos no cérebro, ainda que em escala menor e com menos conexões.
Essa semelhança nos lembra que viemos de um ancestral comum, um ser que há milhões de anos viveu em ambientes africanos e deu origem a linhagens distintas, cada uma adaptada ao seu próprio caminho evolutivo.
Enquanto o ser humano desenvolveu um corpo otimizado para caminhar ereto, fabricar ferramentas complexas e criar linguagem simbólica, os chimpanzés permaneceram com traços arbóreos e uma comunicação baseada em sons simples e gestos.
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Mas por que, afinal, eles não falam como nós? A resposta está em um conjunto de fatores. Primeiro, o aparelho fonador humano passou por mudanças estruturais únicas. Nossa laringe se posicionou mais abaixo na garganta, a língua se tornou mais flexível e a cavidade oral ganhou uma configuração que permite a produção de uma variedade muito maior de sons.
Nos chimpanzés, essas estruturas são diferentes. A laringe é mais alta, a língua tem menos mobilidade e o trato vocal não consegue produzir sons articulados com a mesma precisão. Por isso, mesmo que tentem imitar palavras, o resultado seria limitado, composto por sons guturais e pouco definidos.

O cérebro também desempenha papel central nessa diferença. Os humanos desenvolveram áreas cerebrais especializadas no processamento da linguagem, como a área de Broca e a área de Wernicke, que trabalham juntas para criar, organizar e compreender frases complexas.
Nos chimpanzés, essas áreas existem em formas rudimentares, mas não possuem as mesmas conexões neuronais nem a mesma densidade de fibras que garantem a nós o controle fino sobre lábios, língua e cordas vocais. Mesmo que um chimpanzé tivesse a inteligência humana, a estrutura física de seu aparelho vocal ainda limitaria drasticamente sua fala.
Tem diferença entre macaco, primata, gorila e chimpanzé?

O que são primatas?
Primatas são uma ordem de mamíferos que inclui lêmures, macacos, gorilas, chimpanzés, bonobos e também os seres humanos. Eles compartilham características como visão frontal, mãos com dedos ágeis e cérebros relativamente grandes em relação ao corpo. Portanto, todo macaco, gorila e chimpanzé é um primata, mas nem todo primata é um macaco.
O que são macacos?
O termo macaco é usado de forma geral para vários primatas, mas não corresponde a um grupo científico único. Ele inclui espécies de pequeno e médio porte que vivem tanto nas Américas quanto na África e Ásia. São ágeis, costumam viver em árvores e apresentam grande diversidade de hábitos alimentares e sociais.
O que são gorilas?

Os gorilas são um gênero específico de primatas africanos. Eles são os maiores primatas vivos, com força física impressionante e grupos sociais chamados tropas. São vegetarianos em sua maioria e têm um comportamento altamente organizado, com um macho dominante, conhecido como lombo‑prateado, liderando o grupo.
O que são chimpanzés?

Os chimpanzés também são primatas africanos, do gênero Pan. Eles compartilham cerca de 98 a 99 por cento do DNA com os seres humanos e são conhecidos por sua inteligência notável, uso de ferramentas e complexas interações sociais. Vivem em comunidades e exibem comportamentos cooperativos e até culturais, transmitidos de geração em geração.
Nós também somos primatas? O homem evoluiu dos macacos?

O ser humano faz parte da ordem dos primatas, o que significa que compartilhamos um ancestral comum com macacos, gorilas e chimpanzés. No entanto, dizer que o homem evoluiu diretamente dos macacos não está correto.
O que a ciência mostra é que, milhões de anos atrás, existiu um ancestral primata do qual surgiram diferentes linhagens. Algumas dessas linhagens deram origem aos macacos modernos que conhecemos hoje, enquanto outras seguiram um caminho evolutivo que levou aos grandes primatas africanos e, por fim, ao gênero Homo, do qual fazemos parte.
Portanto, nós não descendemos dos macacos que existem atualmente. Eles são nossos parentes evolutivos, não nossos antepassados diretos. O mais correto é afirmar que homens e macacos compartilham um antepassado comum.
Esse antepassado viveu em um passado remoto e, ao longo de milhões de anos, as mudanças genéticas e as adaptações ambientais criaram ramos distintos na árvore da vida.
Enquanto alguns ramos levaram a espécies que permanecem arborícolas e ágeis, como os macacos, o nosso ramo desenvolveu características como postura ereta, capacidade de linguagem e um cérebro muito maior, o que nos permitiu construir ferramentas, sociedades complexas e, eventualmente, toda a civilização humana.
Com informações de Science.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/29/ciencia-e-espaco/o-quao-proximo-o-homem-e-dos-chimpanzes-e-por-que-eles-nao-falam-como-nos/