
Recentemente, o editor de código Cursor se envolveu em um grande entrave. A política de cobrança da ferramenta sofreu algumas alterações, gerando uma confusão sobre a capacidade supostamente “ilimitada” de um novo plano de uso.
A insatisfação entre muitos desenvolvedores levou a empresa a se pronunciar e colocar a situação no eixo. É claro que muitos vão olhar para esse caso pensando apenas na polêmica, mas, na verdade, há uma discussão por trás dele muito mais importante de realizarmos nesse momento: o papel do dev sênior na era da IA (inteligência artificial).
Colocar todas as fichas nessas ferramentas, de forma que sejam o “coração” do processo de desenvolvimento, é um risco enorme. Essas tecnologias são inovadoras, mas possuem limitações que precisam ser compreendidas para que o desenvolvedor extraia todo o seu valor sem comprometer a programação.
A chegada de assistentes de código como o Copilot e modelos como o ChatGPT, o Claude e o Gemini, de fato, mudaram o jogo. A automatização de tarefas repetitivas é um avanço sem igual, que já vem mudando diversos mercados. No entanto, isso também aumenta a responsabilidade sobre as entregas. É preciso filtrar, questionar, refinar e validar o que as IAs propõem.
Ou seja, o dev sênior deixou de ser um executor para virar um curador estratégico. Ser técnico não basta, o novo cenário exige uma visão crítica sobre ferramentas e modelos de IA. Automatizar sem critério definitivamente é um equívoco completo.
Caso do Llama 4
Outro caso recente que ajuda a esclarecer o debate é o do Llama 4, o novo modelo de IA da Meta. O próprio Mark Zuckerberg ficou incomodado com os resultados da tecnologia durante os primeiros testes, o que fez o dono da empresa mobilizar uma força-tarefa de ponta e mudar o direcionamento completo da empresa nesse tema.
Ele criou um novo laboratório de superinteligência e pessoalmente começou a recrutar, com ofertas salariais astronômicas, os melhores engenheiros de IA de concorrentes como Apple, OpenAI e Google.
É claro que estamos falando de uma big tech e esse não é exatamente o padrão do mercado. Por outro lado, essa situação é o exemplo perfeito do que o mesmo valoriza atualmente: bons profissionais.
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No fim das contas, a chegada de novas tecnologias e o aprimoramento da IA não muda o fato de que pessoas reais e especializadas em um assunto são indispensáveis em qualquer projeto. Elas possuem habilidades únicas e profundas, que garantem a qualquer inovação dar um próximo passo.
Profissionais com visão ampla, domínio técnico e capacidade de liderar times, modelos e estratégias conseguem viabilizar o uso de IA para além do básico. São essas pessoas que podem evitar problemas técnicos, auxiliando uma das maiores empresas do mundo a terem uma posição ainda mais relevante no futuro digital.
Comunicação, liderança técnica e ética
Olhando para esses casos recentes, é certo dizer que o bom dev sênior não é quem automatiza tudo, mas sim quem sabe onde a IA ajuda e onde ela atrapalha. Saber quando não usar a tecnologia também é uma habilidade, afinal, nem toda tarefa deve ser entregue a um modelo generativo.

Entender como identificar limitações, vieses, riscos de segurança e gargalos de performance virou parte da senioridade, principalmente pensando que as IAs estão cada vez mais complexas. O desenvolvedor precisa comunicar decisões técnicas com clareza, liderar discussões e tomar decisões conscientes sobre um uso responsável.
Ética, privacidade e transparência também entram nessa pauta. Mais do que velocidade, a verdadeira inovação está na consciência dos profissionais humanos, que pode diferenciar uma simples produção de uma construção que seja realmente sustentável, segura e disruptiva.
O dev sênior nunca será só mais uma peça no código. Esse quebra-cabeças depende diretamente das suas ações, que podem potencializar qualquer tecnologia de forma única.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/10/colunistas/o-que-e-esperado-de-um-dev-senior-no-mundo-da-ia/