Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment desafia a narrativa tradicional sobre o declínio da civilização da Ilha de Páscoa (Rapa Nui). A pesquisa, liderada por Redmond Stein do Observatório da Terra Lamont-Doherty, revela que uma seca prolongada que durou séculos – e não um “ecocídio” causado por gestão ambiental inadequada – teria sido o fator crucial para transformar a sociedade local a partir de aproximadamente 1550.
Os pesquisadores analisaram sedimentos de duas fontes de água doce da ilha – Rano Aroi e Rano Kao – reconstruindo um registro de 800 anos de padrões de chuva através da composição isotópica de ceras foliares preservadas. Os dados mostram uma redução significativa na precipitação anual, que se manteve baixa por mais de um século.
A pesquisa questiona a visão tradicional que atribui o declínio da civilização exclusivamente ao desmatamento e gestão ambiental inadequada. “Muitos estudos já lançaram dúvidas sobre a hipótese do ecocídio”, afirmou Stein em entrevista ao site da Universidade de Columbia. “Não há evidências robustas de um colapso demográfico anterior à chegada dos europeus.”
“Ao medir a composição das ceras foliares preservadas em sedimentos, conseguimos estimar pela primeira vez a magnitude da seca que ocorreu em Rapa Nui no século XVI”, explicou Stein. Diferente de métodos anteriores que podiam ser influenciados por múltiplas variáveis, a análise isotópica das ceras foliares fornece um indicador direto das condições de aridez.
População da ilha não teve colapso anterior a chegada dos europeus
A seca coincidiu com transformações profundas na sociedade Rapanui:
- Declínio na construção de plataformas cerimoniais “ahu”;
- Surgimento do lago Rano Kao como importante local ritual;
- Advento do “Tangata Manu”, nova hierarquia social baseada em competições atléticas.
“Estimamos uma diminuição prolongada da precipitação de aproximadamente 600 a 800 mm por ano em relação aos três séculos anteriores”, detalhou Stein.

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A pesquisa questiona a visão tradicional que atribui o declínio da civilização exclusivamente ao desmatamento e gestão ambiental inadequada. “Muitos estudos já lançaram dúvidas sobre a hipótese do ecocídio”, afirmou Stein. “Não há evidências robustas de um colapso demográfico anterior à chegada dos europeus.”

Os resultados mostram que a história de Rapa Nui é mais complexa do que se pensava e que o clima fornece um contexto crucial para entender as adaptações humanas na ilha.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/08/ciencia-e-espaco/o-que-realmente-aconteceu-na-ilha-de-pascoa/
