Nos últimos seis meses, o cometa interestelar 3I/ATLAS se tornou uma figura tão constante nas notícias que é fácil esquecer como a sua presença é rara. Embora se estime que cerca de sete Objetos Interestelares (ISOs) atravessem o Sistema Solar interno todos os anos, além do 3I/ATLAS, a humanidade conseguiu detectar apenas mais dois até hoje: o pioneiro ’Oumuamua (2017) e o cometa Borisov (2019).
A escassez de registros, no entanto, não reflete a realidade espacial. Astrônomos acreditam que existam cerca de 10 mil desses objetos dentro da órbita de Netuno a qualquer momento. Então por que é tão difícil detectar um ISO?
Agulha no palheiro espacial
A detecção de ISOs é frequentemente comparada à busca por agulhas amarelas em um palheiro gigante. De longe, esses objetos podem ser facilmente confundidos com estrelas distantes ou galáxias. Segundo especialistas do Observatório Vera C. Rubin, os principais obstáculos para o monitoramento desses corpos são:
- Baixa luminosidade: A maioria dos objetos interestelares é pequena, escura e não reflete luz solar suficiente para ser captada por telescópios comuns;
- Posicionamento: Muitos orbitam em regiões muito distantes do Sol e da Terra, permanecendo invisíveis aos nossos instrumentos atuais;

- Distribuição espacial: Devido à imensidão do espaço, mesmo com milhares de objetos presentes, a distância média entre eles chega a ser de 210 milhões de quilômetros;
- Estática visual: Por serem pequenos e lentos em relação ao fundo estelar, identificar seu movimento exige observações repetidas e de altíssima definição.
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A revolução do Observatório Vera C. Rubin
O cenário de “cegueira espacial” deve mudar drasticamente no próximo ano com o início do levantamento Legacy Survey of Space & Time (LSST). Equipado com a maior câmera digital do mundo, o Observatório Vera C. Rubin atuará como um “time-lapse” do cosmos, fotografando o céu repetidamente para identificar o que se move contra o fundo de estrelas fixas.
Em entrevista ao IFLScience, o porta voz do observatório afirmou:
As melhores estimativas sugerem que o Rubin deve detectar entre 5 e 50 ISOs ao longo de seus 10 anos de levantamento.
Porta-voz do observatório Vera Rubin

(Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/NSF/DOE/AURA)
Caso esses visitantes sejam mais comuns do que as descobertas iniciais sugerem, esse número pode ser ainda maior. O objetivo final é construir a primeira amostra estatisticamente significativa desses objetos, permitindo entender se existem diferentes “populações” de rochas cruzando a galáxia.
Além da caça aos objetos interestelares, o impacto do novo observatório será massivo para a astronomia local. A expectativa é que o Rubin mais do que triplique o número de asteroides conhecidos, adicionando até 4 milhões de novos corpos ao catálogo atual, além de descobrir milhares de novos cometas.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/30/ciencia-e-espaco/observatorio-vera-rubin-deve-encontrar-dezenas-de-objetos-interestelares-como-o-3i-atlas/
