25 de outubro de 2025
OpenAI investe em IA para combater armas biológicas
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A OpenAI, em parceria com os fundos Founders Fund e Lux Capital, anunciou um investimento de US$ 30 milhões na Valthos, startup de Nova York que utiliza inteligência artificial para reforçar a segurança biológica. A empresa, que estava operando de forma discreta até agora, desenvolve ferramentas voltadas à detecção e prevenção de ameaças biotecnológicas potencialmente agravadas pelo uso indevido de IA.

O objetivo da Valthos é combater cenários extremos em que agentes biológicos sintéticos, criados com auxílio de sistemas de IA, possam ser usados em ataques. A preocupação tem base em alertas recentes do Center for AI Safety, que descreveu como “pesadelo” a hipótese de um vírus criado por um terrorista com características combinadas de HIV, sarampo e varíola.

OpenAI investiu na Valthos, startup que combate o uso de sistemas de IA para criar agentes biológicos sintéticos (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

Como funciona a tecnologia da Valthos

A startup coleta dados biológicos de fontes comerciais e governamentais, como sistemas de monitoramento de ar e águas residuais, e os analisa por meio de modelos de IA para identificar possíveis ameaças emergentes. O software também é capaz de avaliar riscos e atualizar contramedidas médicas diante de novas mutações ou padrões de contaminação.

Além disso, a empresa pretende firmar parcerias com farmacêuticas para a produção e distribuição de soluções de defesa, acelerando a resposta a eventuais emergências. “A única forma de deter um ataque é saber quando ele está acontecendo, atualizar as contramedidas e implantá-las rapidamente”, afirmou Kathleen McMahon, CEO e cofundadora da Valthos, que liderou por anos a divisão de ciências biológicas da Palantir Technologies.

biossegurança
Valthos coleta dados biológicos de fontes privadas e públicas para identificar possíveis ameaças (Imagem: nevarpp / iStock)

Crescente interesse em tecnologia de defesa

O investimento ocorre em um momento de retração no setor de biotecnologia, que atingiu o menor nível de financiamento em mais de uma década, segundo dados da PitchBook. Ao mesmo tempo, a corrida global por avanços em IA reacendeu o interesse em tecnologias de defesa, incluindo bioproteção e segurança nacional.

Em relatório recente, a National Security Commission on Emerging Biotechnology defendeu mais investimentos no setor, destacando que “haverá um momento ChatGPT para a biotecnologia” e alertando para a possibilidade de que a China avance primeiro nessa área.

Aposta estratégica da OpenAI

O diretor de estratégia da OpenAI, Jason Kwon, afirmou que a Valthos é o primeiro investimento da empresa em biossegurança, mas sinalizou que o envolvimento nesse tipo de projeto pode crescer. “Precisamos de um sistema de tecnologias que se equilibrem mutuamente para torná-lo robusto”, disse Kwon, acrescentando que a OpenAI “está em constante evolução para impedir o uso indevido do ChatGPT”.

Segundo Kwon, a proteção biológica eficaz depende da cooperação entre diversos atores, incluindo empresas privadas, governos e instituições de pesquisa. “Temos que construir um ecossistema”, completou.

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A OpenAI quer impedir o uso indevido do ChatGPT em diferentes cenários, inclusive armas biológicas (Imagem: Teacher Photo / Shutterstock.com)

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Desafios e oportunidades

Mesmo com o novo aporte, especialistas destacam que startups como a Valthos ainda enfrentam o chamado “vale da morte” dos investimentos — período em que o financiamento privado pode ser insuficiente para garantir o desenvolvimento de longo prazo. “A questão é se esse montante é suficiente e se conseguiremos implementar essas soluções corretamente”, afirmou Daniel Regan, pesquisador do Council on Strategic Risks especializado em biossegurança.

Apesar disso, o avanço de tecnologias de IA tem modificado o cenário. “Antes de 2025, havia apenas murmúrios sobre o tema, mas agora ele está realmente em evidência”, disse Delian Asparouhov, sócio do Founders Fund. Para Brandon Reeves, da Lux Capital, a Valthos é apenas o começo de uma nova geração de startups voltadas à defesa biológica. “Estamos nos primeiros estágios. Isso deve ser tratado no mesmo nível de ameaça que o nuclear ou o cibernético”, afirmou.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/24/pro/openai-investe-em-ia-para-combater-armas-biologicas/