Um artigo publicado esta semana na revista Nature Communications revelou uma descoberta inédita nos arredores do Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea.
Segundo o estudo, apesar de sua relativa tranquilidade para os padrões de buracos negros, o ambiente em seu entorno é repleto de fenômenos notáveis, como a presença de inúmeras estrelas. Pela primeira vez, foi detectado um sistema binário na região, com duas estrelas orbitando uma à outra.
O sistema, chamado D9, faz parte do aglomerado S, que reúne estrelas que circulam o buraco negro. Durante a análise, os pesquisadores investigaram uma classe peculiar de corpos conhecida como objetos G, que parecem nuvens de gás e poeira, mas se comportam como estrelas.
Foi entre esses dados que a equipe encontrou evidências claras de que D9 é composto por duas estrelas jovens: uma com 2,8 vezes a massa do Sol e outra com 0,73 vezes. Elas orbitam uma à outra em 372 dias.
Leia mais:
- Buraco negro supermassivo exibe loops magnéticos e surpreende cientistas
- Buraco negro faminto devora estrela e ainda quer sobremesa
- Brasileira faz descoberta histórica de par de buracos negros supermassivos
Descoberta questiona poder destrutivo do buraco negro
“Inicialmente, pensei que minha análise estava errada, mas padrões consistentes ao longo de 15 anos confirmaram a descoberta”, explicou Florian Peißker, pesquisador da Universidade de Colônia, na Alemanha, e autor principal do estudo. “Essa é a primeira binária identificada no aglomerado S, uma descoberta que mostra que buracos negros não são tão destrutivos quanto pensávamos”.
Utilizando o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, os cientistas estimaram que D9 é um sistema estelar jovem, com aproximadamente 2,7 milhões de anos. Segundo Michal Zajaček, coautor do estudo, há sinais de gás e poeira em torno das estrelas, sugerindo que elas se formaram próximas ao buraco negro supermassivo.
Embora atualmente estejam seguras, as estrelas de D9 poderão se fundir em cerca de um milhão de anos devido à influência gravitacional de Sagitário A*. “Essa descoberta nos dá uma rara oportunidade de observar um sistema binário como este em escalas de tempo cósmicas”, destacou Emma Bordier, coautora do estudo.
Os pesquisadores acreditam que sistemas binários como D9 podem ser precursores dos objetos G, que podem representar estrelas em processo de fusão ou pós-fusão, cercadas por material remanescente. Além disso, a descoberta levanta a possibilidade de formação de planetas ao redor dessas estrelas jovens. “A detecção de planetas no centro galáctico é uma questão de tempo”, concluiu Peißker.
O post Estrelas dançam em harmonia perigosa perto do buraco negro central da Via Láctea apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/19/ciencia-e-espaco/par-de-estrelas-danca-perto-do-buraco-negro-central-da-via-lactea/