Cientistas na China desenvolveram uma pele eletrônica neuromórfica (NRE-skin) que imita a forma como o corpo humano sente toques e dor, acionando reflexos ultrarrápidos sem depender do “cérebro” do robô. Segundo informações do Techxplore.
O estudo, publicado recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), descreve uma arquitetura inspirada no sistema nervoso capaz de detectar pressão, identificar danos e disparar respostas instantâneas — como retirar o braço ao perceber um estímulo perigoso. A meta é tornar robôs que deixam os laboratórios para entrar em casas, hospitais e empresas mais seguros, ágeis e intuitivos no contato com pessoas e objetos.
Pele eletrônica para robôs
- Pele neuromórfica replica funções do sistema nervoso, do toque à dor.
- Reflexos locais: ao detectar risco, o robô reage sem esperar a CPU.
- Autoteste contínuo sinaliza falhas e interrompe o “pulso” em caso de dano.
- Reparo modular com peças magnéticas facilita manutenção em segundos.
- Próximo passo: aumentar a sensibilidade e diferenciar múltiplos toques ao mesmo tempo.
Como funciona a pele eletrônica neuromórfica
Ao contrário de “almofadas de pressão” convencionais, que apenas registram contato e dependem de processamento centralizado, a NRE-skin foi construída para processar, no próprio “tecido”, a importância do estímulo. Ela é composta por quatro camadas: um revestimento protetor que faz o papel da epiderme e, abaixo, sensores e circuitos que se comportam como fibras nervosas.
Esse conjunto mantém um ritmo de checagem: a cada intervalo entre 75 e 150 segundos, envia um pequeno pulso elétrico ao processador para indicar que está tudo em ordem. Se a pele é cortada ou sofre dano, esse “sinal de vida” cessa, apontando a área comprometida e alertando o responsável pelo robô.
Quando há toque, a pele emite “picos” de sinal que carregam informações sobre a pressão. Para interações normais, esses sinais seguem para a CPU, que decide o que fazer. Porém, se a força ultrapassa um limite pré-ajustado — interpretada como dor —, a pele dispara um pico de alta voltagem diretamente para os motores, pulando a CPU e gerando um reflexo imediato, como puxar o braço. Essa via rápida reduz atrasos que, em cenários reais, podem resultar em queimaduras, esmagamentos ou danos mecânicos.
“Nossa pele eletrônica neuromórfica apresenta arquitetura hierárquica inspirada em redes neurais, permitindo toque de alta resolução, detecção ativa de dor e lesão com reflexos locais e reparo rápido e modular”, escreveram os autores no artigo. Em outro trecho, a equipe destaca: “Esse design melhora significativamente o tato robótico, a segurança e a interação humano-robô intuitiva para robôs de serviço mais empáticos”.

Além dos reflexos, a NRE-skin foi pensada para manutenção simples: os módulos são magnéticos e funcionam como peças de Lego. Se uma área se danifica, basta desencaixar o segmento e encaixar outro, reduzindo tempo de parada e custos de reparo — algo crucial para robôs de serviço em ambientes dinâmicos. Soluções que aproximam robôs de reflexos “instintivos” tendem a acelerar sua adoção em cuidados de saúde, logística e atendimento, ao reduzir o risco de acidentes e o desgaste dos equipamentos.
Impacto prático: segurança, manutenção e convivência
Em termos práticos, a NRE-skin dá aos robôs uma “camada de instinto” semelhante ao arco reflexo humano, que protege contra danos antes que o cérebro processe o evento. Para hospitais e residências, isso significa máquinas que podem segurar, empurrar ou desviar com mais delicadeza e prudência, reagindo em milésimos de segundo a situações potencialmente perigosas. A checagem contínua do estado da pele ajuda a identificar falhas cedo, enquanto o reparo modular minimiza interrupções.
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Os pesquisadores já planejam aumentar a sensibilidade da pele para que o sistema consiga reconhecer múltiplos toques simultâneos sem confusões — um passo importante para operações em ambientes complexos e movimentados, como enfermarias, cozinhas industriais e linhas de montagem colaborativas. No horizonte, tecnologias assim podem tornar a convivência com robôs mais natural, com respostas físicas proporcionais ao contexto e menos dependentes de processamento central.
O post Pele dá reflexos “dolorosos” a robôs humanoides e promete interações seguras apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/31/robotica/pele-da-reflexos-dolorosos-a-robos-humanoides-e-promete-interacoes-seguras/
