
Astrônomos encontraram um mundo fora do Sistema Solar que está ajudando a causar a própria destruição. Denominado HIP 67522 b, ele orbita sua estrela tão de perto que provoca explosões violentas na superfície dela. Essas explosões acabam atingindo o próprio exoplaneta com radiação intensa, fazendo com que ele perca parte da sua massa.
HIP 67522 b é um gigante gasoso, parecido com Júpiter em tamanho, mas com uma densidade muito menor – o que lhe confere o apelido de “mundo algodão-doce”. Sua órbita é tão próxima da estrela-mãe que um ano por lá dura apenas uma semana terrestre.
A estrela tem 17 milhões de anos, e por mais que isso pareça muito, ela é considerada bem jovem. Para efeito de comparação, o Sol ultrapassa 4,6 bilhões. Essa juventude significa que ela ainda está cheia de energia e instabilidade.
Fenômeno é comprovado pela primeira vez em mais de 30 anos
Desde os anos 1990, os astrônomos se perguntam se planetas poderiam influenciar o comportamento de suas estrelas. Depois de mais de cinco mil exoplanetas descobertos, esta é a primeira vez que surge uma evidência clara de que isso pode acontecer.
Relatada em um artigo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (2), a descoberta foi liderada pela pesquisadora Ekaterina Ilin, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON). A equipe usou o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), da NASA, que monitora estrelas em busca de planetas e explosões estelares. Foi assim que perceberam um comportamento estranho na estrela HIP 67522.
Para confirmar a relação entre o planeta e as explosões, os pesquisadores complementaram as observações usando o Satélite de Caracterização de Exoplanetas (Cheops), da Agência Espacial Europeia (ESA). “Com o Cheops, vimos mais explosões, elevando o total para 15, quase todas vindo em nossa direção enquanto o planeta transitava em frente à estrela, visto da Terra”, disse Ilin em um comunicado.

A equipe notou que as explosões eram mais frequentes justamente nos momentos em que o HIP 67522 b passava em frente à estrela.
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Planeta aciona gatilho para disparo de energia da estrela
A explicação encontrada é que, ao girar tão próximo da estrela, o planeta influencia o campo magnético dela. Essa interação cria ondas de energia que percorrem as linhas do campo magnético até a superfície estelar. Quando chegam lá, essas ondas disparam explosões muito mais fortes do que as próprias ondas poderiam causar.

Segundo Ilin, o planeta funciona como um “gatilho”, liberando uma energia que já estava acumulada na estrela. O problema é que as explosões resultantes são extremamente perigosas para o próprio planeta. HIP 67522 b recebe até seis vezes mais radiação do que o esperado para a distância entre os dois astros.
Com essa exposição constante, o planeta está perdendo suas camadas externas e diminuindo. Os cientistas calculam que, dentro de 100 milhões de anos, ele pode encolher de um corpo do tamanho de Júpiter para algo parecido com Netuno.
Agora, a equipe pretende observar o sistema em diferentes comprimentos de onda, como ultravioleta e raios X, para entender melhor o tipo de energia envolvida nas explosões. Eles também querem buscar outros casos parecidos para estudar o fenômeno de forma mais ampla.
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