16 de dezembro de 2025
Planeta em forma de limão intriga cientistas após observação do
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O planeta mais estranho já observado fora do Sistema Solar acaba de surpreender a comunidade científica. Utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), astrônomos identificaram um exoplaneta com formato alongado, semelhante a um limão, e uma atmosfera sem precedentes. A descoberta desafia os modelos atuais de formação planetária e reforça o quanto ainda se sabe pouco sobre a diversidade de mundos existentes no universo. As informações são do Space.com.

Batizado de PSR J2322-2650b, o planeta tem massa próxima à de Júpiter e orbita um tipo extremo de estrela morta conhecido como pulsar. A observação revelou características tão incomuns que os próprios pesquisadores admitiram surpresa ao analisar os dados coletados pelo telescópio.

Um planeta limão orbitando uma estrela morta

O que torna PSR J2322-2650b singular é a combinação de fatores extremos. Ele orbita um pulsar que emite feixes intensos de radiação, funcionando como um verdadeiro “farol cósmico”. Esse tipo de sistema é classificado como um pulsar de “janela negra”, no qual a estrela morta costuma corroer seus companheiros com radiação intensa.

Planetas orbitando pulsars não são totalmente inéditos. Os primeiros exoplanetas confirmados, ainda em 1992, também giravam em torno desse tipo de estrela. No entanto, PSR J2322-2650b se destaca por seu formato elipsoidal, lembrando um limão ou uma bola de futebol americano, algo nunca observado antes em outro planeta.

O que torna PSR J2322-2650b singular é a combinação de fatores extremos (Crédito: Imagem gerada por IA/ChatGPT)

Essa forma incomum é resultado das forças de maré extremas exercidas pelo pulsar. O planeta está a apenas cerca de 1,6 milhão de quilômetros da estrela — aproximadamente 100 vezes mais próximo do que a Terra está do Sol — e completa uma volta completa a cada oito horas. A gravidade intensa do pulsar literalmente estica o planeta, deformando sua estrutura.

Além disso, o planeta está em rotação sincronizada, o que significa que um lado está permanentemente voltado para a estrela, enquanto o outro permanece sempre na escuridão. Isso cria diferenças extremas de temperatura entre as duas faces.

Uma atmosfera nunca vista antes

Se o formato já chama atenção, a atmosfera do planeta limão é ainda mais intrigante. As observações do James Webb revelaram uma composição dominada por hélio e carbono, algo totalmente fora do padrão observado em exoplanetas até hoje. Em vez de moléculas comuns, como água, metano ou dióxido de carbono, os cientistas detectaram carbono molecular, especificamente nas formas C₂ e C₃.

As temperaturas ajudam a explicar parte desse fenômeno. No lado iluminado, o planeta atinge cerca de 3.700°F (2.040°C), enquanto o lado escuro cai para aproximadamente 1.200°F (650°C). Em condições normais, o carbono tenderia a se ligar a oxigênio ou nitrogênio, mas a ausência quase total desses elementos torna essa atmosfera um caso único entre mais de 150 atmosferas de exoplanetas já analisadas.

telescopio via lactea
As observações do James Webb revelaram que a composição da atmosfera do planeta em forma de limão é dominada por hélio e carbono (Imagem: arvitalya / iStock)

Entre as hipóteses levantadas pelos pesquisadores está a possibilidade de nuvens de fuligem de carbono, que podem se condensar e formar cristais semelhantes a diamantes, precipitando sobre o planeta. Ainda assim, nenhuma explicação conhecida consegue justificar completamente como um planeta com essa composição se formou.

Os principais pontos que tornam esse planeta único incluem:

  • formato elipsoidal, semelhante a um limão, causado por forças gravitacionais extremas;
  • órbita extremamente próxima e rápida ao redor de um pulsar;
  • atmosfera dominada por hélio e carbono molecular;
  • ausência de moléculas comuns encontradas em outros exoplanetas;
  • temperaturas extremas entre os lados diurno e noturno.

Os cientistas admitem que o planeta não parece ter se formado como um planeta comum, nem por processos típicos de sistemas com pulsars. Uma das hipóteses sugere que cristais de carbono possam se formar no interior do planeta e migrar para a atmosfera, mas ainda não está claro como oxigênio e nitrogênio seriam excluídos desse processo.

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Para os pesquisadores, o caso do planeta limão reforça que o universo ainda guarda fenômenos completamente inesperados. Mais do que respostas, a descoberta abre novas perguntas sobre como planetas podem se formar e sobreviver em ambientes tão hostis, ampliando os limites do que se entende hoje sobre a diversidade planetária.

O post Planeta em forma de limão intriga cientistas após observação do James Webb apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/16/ciencia-e-espaco/planeta-em-forma-de-limao-intriga-cientistas-apos-observacao-do-james-webb/