22 de fevereiro de 2025
Planeta extremo tem chuva de ferro e rajadas violentas de
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Um estudo publicado este mês na revista Astronomy & Astrophysics revela novos e surpreendentes detalhes sobre o exoplaneta WASP-121b, um mundo extremamente quente a cerca de 900 anos-luz de distância da Terra – sobre o qual já falamos aqui. 

Já conhecido por suas chuvas de ferro líquido, WASP-121b (também chamado de Tylos) agora surpreende os cientistas com ventos intensos e padrões climáticos complexos.

A pesquisa foi feita com o uso do Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile, e oferece uma visão inédita da atmosfera desse mundo fora do Sistema Solar.

WASP-121b é um exoplaneta do tipo Júpiter ultra-quente, com cerca de 1,2 vezes a massa de Júpiter, que orbita muito próximo de sua estrela. Em consequência dessa proximidade, ele tem um ano que dura apenas 30 horas terrestres. Além disso, é “bloqueado por maré”, o que significa que um lado está sempre voltado para a estrela, resultando em temperaturas escaldantes, enquanto o outro lado, mais frio, está permanentemente voltado para o espaço.

Diagrama mostra a estrutura e o movimento da atmosfera do exoplaneta WASP-121b – Tylos. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Esse ambiente extremo gera fenômenos climáticos incomuns, como a chuva de ferro, que ocorre quando os metais vaporizados do lado quente do planeta se condensam no lado frio.

Ventos poderosos transportam ferro e titânio pela atmosfera

Ao estudar a atmosfera de WASP-121b, os cientistas observaram ventos poderosos que transportam elementos como ferro e titânio por toda a atmosfera do planeta, criando padrões climáticos altamente dinâmicos. Em um comunicado, Julia Victoria Seidel, cientista do Observatório Europeu do Sul (ESO) e líder da pesquisa, destacou a complexidade desse clima, afirmando que os ventos e o comportamento atmosférico daquele mundo alienígena desafiam toda a climatologia, tanto na Terra quanto em outros planetas.

A equipe de astrônomos mapeou a atmosfera de Tylos em 3D, revelando diferentes tipos de ventos em suas camadas. Um dos achados mais surpreendentes foi a presença de uma corrente de jato, que se estende por metade do planeta, movendo-se com grande velocidade. 

Cientistas conseguiram medir a atmosfera do planeta Tylos, revelando sua composição em 3D. Esta é a primeira vez que isso foi possível em um mundo fora do Sistema Solar. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Esse fenômeno agita a atmosfera, especialmente nas transições entre o lado quente e o lado frio, criando um clima turbulento nunca antes visto em nenhum outro mundo. Seidel comparou a furacões muito mais violentos do que qualquer coisa observada em nosso Sistema Solar.

O instrumento ESPRESSO, instalado no VLT, foi crucial para essas descobertas. Esse espectrógrafo especializado permitiu que os pesquisadores coletassem uma quantidade significativamente maior de luz, proporcionando um nível de detalhe muito mais refinado sobre a atmosfera de WASP-121b. Assim, os cientistas puderam estudar as assinaturas químicas de elementos como ferro, sódio e hidrogênio, que ajudam a rastrear os ventos nas diferentes camadas atmosféricas do planeta.

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Brasileiro participa de estudo climático do planeta WASP-121b

Ao realizar essas observações, a equipe conseguiu mapear as camadas mais profundas, médias e rasas da atmosfera, algo extremamente desafiador para telescópios espaciais. O brasileiro Leonardo Augusto dos Santos, astrônomo assistente no Space Telescope Science Institute (centro científico de operações dos telescópios espaciais Hubble e James Webb) e membro da equipe, enfatizou a relevância das observações realizadas na Terra, que são essenciais para estudar exoplanetas de maneira detalhada. “É o tipo de observação que é muito desafiadora de fazer com telescópios espaciais, destacando a importância das observações terrestres de exoplanetas”.

Essas observações também permitiram a descoberta de titânio, um elemento que até então era considerado ausente na atmosfera de WASP-121b, mas que agora foi encontrado em profundidades até então inexploradas.

A pesquisa sobre o exoplaneta WASP-121b abre novas possibilidades para o entendimento de atmosferas exóticas e seus padrões climáticos. Mesmo a grandes distâncias, os cientistas agora têm a capacidade de estudar aspectos como a composição química e os ventos poderosos que dominam esses mundos distantes. 

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/19/ciencia-e-espaco/planeta-extremo-tem-chuva-de-ferro-e-rajadas-violentas-de-vento/