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Um estudo da Universidade de Birmingham, divulgado nessa semana, revelou que os níveis de poluição do ar dentro de nossas casas podem ser mais altos e variáveis do que os encontrados em ambientes externos. Utilizando sensores e técnicas inovadoras, os pesquisadores monitoraram, ao longo de duas semanas, a presença de material particulado (PM) em três residências.
Os resultados mostraram que, em uma das casas, os níveis de PM2.5 (as Partículas Inaláveis Finas) ultrapassaram os limites diários recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em nove dias.
A pesquisa destacou diferenças significativas nos níveis de poluição entre as residências estudadas, sugerindo que fatores como localização, ventilação e hábitos dos moradores influenciam diretamente a qualidade do ar interno.
“Nosso estudo evidencia a necessidade de monitorar a poluição do ar dentro das casas, já que é possível conviver com ar de má qualidade em casa, mesmo quando o ar externo é considerado bom”, comentou a pesquisadora Catrin Rathbone.
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Localização é fator determinante para poluição do ar em casa
Os dados foram coletados em três casas de características distintas, localizadas em áreas urbanas e suburbanas do Reino Unido. O estudo revelou que o impacto de fontes externas, como o tráfego intenso e a proximidade de áreas industriais, influenciou significativamente a qualidade do ar em ambientes internos.
Em um dos casos, uma casa situada perto de uma via movimentada apresentou níveis elevados de poluição, mesmo com janelas frequentemente fechadas, indicando que partículas nocivas podem infiltrar-se através de pequenas aberturas e sistemas de ventilação.
Além disso, a frequência de atividades domésticas, como cozinhar e limpar, também mostrou um aumento expressivo nos níveis de partículas em suspensão. Outro ponto relevante do estudo foi a análise do impacto da ventilação natural em comparação com sistemas artificiais. As residências que mantinham janelas abertas regularmente apresentaram uma variação maior nos níveis de partículas, especialmente em dias de maior poluição externa.
No entanto, ambientes com pouca ventilação, embora inicialmente apresentassem níveis mais baixos, acabaram acumulando poluentes ao longo do tempo, criando um ambiente prejudicial à saúde. A pesquisa sugere que o equilíbrio entre ventilação adequada e o controle de fontes internas de poluição é essencial para manter a qualidade do ar em níveis saudáveis.
Sinal de alerta para trabalhadores remotos
Com o aumento do trabalho remoto, compreender os fatores que afetam a qualidade do ar nas residências torna-se cada vez mais relevante. O professor Francis Pope ressaltou que a abordagem utilizada no estudo, devido ao seu baixo custo, pode ser ampliada para permitir o gerenciamento da qualidade do ar em lares por todo o Reino Unido e além. Isso poderia resultar em modelos de exposição à poluição mais precisos e políticas de saúde pública mais bem informadas.
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Os pesquisadores identificaram cinco fatores que contribuem para os níveis de partículas no ar interno: dois relacionados a atividades dentro de casa, como o aumento de movimento dos moradores, e três ligados a fatores externos, como a proximidade de exaustores de cozinhas de restaurantes. Observou-se também que partículas maiores (PM10) tendem a se depositar mais rapidamente em comparação com partículas menores (PM1, PM2.5).
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/22/ciencia-e-espaco/poluicao-do-ar-dentro-de-casa-pode-ser-pior-do-que-fora-aponta-estudo/