4 de agosto de 2025
Por quanto tempo uma megaestrutura alienígena duraria?
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Se uma civilização extraterrestre existe, ou se já tiver existido em algum momento, ela deve ter deixado estruturas pelo Universo. Mas quais as chances dessas construções alienígenas terem sobrevivido ao tempo e ao ambiente caótico do cosmos? Um pesquisador examinou esse dilema em um novo artigo publicado na revista The Astrophysical Journal e estimou o destino dessas possíveis megaestruturas cósmicas.

O astrônomo Brian C. Lacki analisou e calculou a viabilidade da existência de um “Enxame de Dyson”, uma tecnologia hipotética formada por inúmeros componentes que orbitam uma estrela de maneira coordenada, com o objetivo de captar sua energia. 

Essa é uma alternativa à clássica “Esfera de Dyson”, uma megaestrutura esférica que envolveria uma estrela, captando quase toda a sua energia para suprir as necessidades de uma civilização espacial avançada.

Para Lacki, as chances da humanidade encontrar essas tecnologias, ou pelo menos um vestígio delas, são influenciadas não somente pela distância astronômica, mas também pelo tempo. Elas teriam de durar por milhões de anos para que um telescópio terrestre pudesse detectar qualquer vestígio.

Civilizações extraterrestres mais avançadas tecnologicamente teriam demandas maiores por energia, o que poderia ser resolvido com um aproveitamento quase completo de sua estrela hospedeira. (Imagem: cokada / iStock)

Quanto tempo duraria um Enxame de Dyson?

No artigo, o pesquisador estabelece que uma civilização extraterrestre com tecnologia superior à nossa poderia manter o enxame em funcionamento enquanto se dedicasse a ele. Porém, caso essa estrutura fosse abandonada — seja pelo colapso dessa sociedade, ou pela mudança para outro sistema solar — ela estaria à mercê de sua estrela hospedeira.

As peças começariam a se chocar em alta velocidade, até chegarem a tamanhos cada vez menores. Isso resultaria em uma cascata de colisões, em que os fragmentos seriam reduzidos pela destruição caótica até toda a estrutura se tornar pó.

A depender da estrela, o início desse colapso estrutural poderia demorar de horas a bilhões de anos. Lacki modelou diferentes casos: 

  • Em um astro como o Sol, essa megaestrutura demoraria cerca de 41 mil anos para se destruir.
  • Em anãs laranjas, que têm cerca de metade do tamanho do Sol, um Enxame de Dyson duraria aproximadamente mil anos até colapsar.
  • As anãs vermelhas, com cerca de 10% do tamanho solar, nem permitiriam a conclusão da estrutura antes que as peças começassem a se chocar e virassem lixo espacial.
  • Anãs brancas, com um diâmetro próximo ao da Terra, não suportariam a tecnologia nem por 0,00018 anos, ou seja, 1,5 horas.

Estrelas com raios maiores, no entanto, poderiam suportar as estruturas de Dyson por bilhões de anos. Segundo o estudo, gigantes vermelhas, com 100 a mil vezes o tamanho do Sol, suportariam por 5,3 bilhões de anos. Já uma supergigante vermelha, capaz de chegar a 1,5 mil vezes o diâmetro solar, poderia aguentar por 8,4 trilhões de anos.

Eventualmente as peças do enxame se chocariam até se tornarem pó.
Eventualmente as peças do enxame se chocariam até se tornarem pó. (Imagem: LoveEmployee / Wikimedia Commons)

Megaestrutura estelar poderia levar à destruição de um sistema solar inteiro

O astrônomo sugere uma alternativa mais estável para os extraterrestres: em vez de construir um enxame completo e esférico, eles poderiam posicionar uma megaestrutura em órbita próxima da estrela, formando um anel ao seu redor. Essa configuração, conhecida como “anel de Dyson”, seria mais viável do ponto de vista estrutural, durando mais.

No entanto, à medida que o enxame se expandisse, esses seres teriam que mover planetas inteiros para mantê-lo funcional. Esse processo poderia resultar na destruição completa de sistemas planetários, à medida que a civilização avançasse e suas demandas energéticas aumentassem.

Ao final, se essa hipotética civilização alienígena desaparecer, sua megaestrutura acabaria eventualmente entrando em colapso, deixando para trás apenas uma estrela solitária, cercada por um sistema sem planetas onde a vida pudesse renascer. Nenhuma evidência restaria, apagando por completo qualquer vestígio de sua existência da história cósmica. Talvez a humanidade jamais consiga detectar uma dessas civilizações extintas.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/04/ciencia-e-espaco/por-quanto-tempo-uma-megaestrutura-alienigena-duraria/