7 de janeiro de 2025
Por que existe uma estrela polar do norte, mas nenhuma
Compartilhe:

Se você olhar para o céu em duas noites diferentes, no mesmo horário, perceberá que as estrelas mudam de posição. Isso acontece devido ao movimento de rotação da Terra, por meio do qual o planeta gira em torno de seu próprio eixo, criando essa ilusão. Para observadores localizados no Hemisfério Norte, no entanto, uma estrela permanece imóvel: Polaris, que fica na constelação de Ursa Menor.

Essa estrela está próxima ao Polo Norte Celeste, o ponto no céu em torno do qual todas elas parecem girar. Essa proximidade faz com que a estrela seja uma referência confiável para localizar o norte. No entanto, essa “estabilidade” é apenas uma coincidência. O alinhamento entre Polaris e o eixo terrestre é temporário e mudará ao longo dos (muitos) anos.

No Hemisfério Sul, a situação é mais complicada. Não há uma estrela brilhante o suficiente próxima ao Polo Sul Celeste que possa servir de guia. A estrela Sigma Octantis, na constelação Octans, é a que fica mais perto desse ponto, mas sua luminosidade é tão baixa que ela é praticamente invisível a olho nu, o que torna a orientação pelo céu austral um desafio maior.

Estrela do Norte no céu durante crepúsculo. Crédito: Suti Stock Photo/Shutterstock

Além da rotação da Terra, há outro movimento que age sobre a posição das estrelas: a precessão. Esse fenômeno faz com que o eixo terrestre balance lentamente, como um pião em movimento, completando um ciclo a cada 26 mil anos. Isso desvia os polos celestes, deslocando as estrelas que estão alinhadas com eles.

Há cerca de três mil anos, Polaris não era a estrela do norte. Naquela época, Beta Ursae Minoris era a mais próxima do Polo Norte Celeste, mas não o suficiente para ser útil como guia. 

Em cerca de 12.500 anos, Vega, uma das estrelas mais brilhantes do céu, assumirá o papel de estrela polar no norte. No Hemisfério Sul, haverá mudanças semelhantes. Dentro de 12 mil anos, Canopus, a segunda estrela mais brilhante do céu, estará próxima ao Polo Sul Celeste. 

Essa alternância demonstra a constante dinâmica do cosmos, que muda em escalas de tempo muito além de uma vida humana.

Constelações de Ursa Maior e Ursa Menor, com a estrela Polaris na ponta. Crédito: Mycola – iStockphotos

Leia mais:

  • Esta é a estrela mais próxima do Sol
  • Estrelas dançam em harmonia perigosa perto do buraco negro central da Via Láctea
  • Inédito: veja a primeira foto detalhada de uma estrela fora da Via Láctea

Por que as estrelas polares são importantes?

Durante a maior parte da história da humanidade, atravessar territórios desconhecidos foi um desafio – principalmente para se orientar. Antes da popularização de instrumentos como bússolas e sextantes, as estrelas polares eram ferramentas cruciais para viajantes, oferecendo um guia confiável para o norte ou o sul. Essa orientação simples, mas poderosa, foi vital para a sobrevivência e exploração de diversas culturas.

Um exemplo marcante é a Ferrovia Subterrânea, rede que ajudava escravos fugitivos nos EUA. A abolicionista nascida escrava Harriet Tubman e outros condutores ensinavam os refugiados a identificar a Estrela Polar para seguir rumo ao norte, em busca de liberdade.

A importância das estrelas polares transcende continentes e épocas. Canopus, por exemplo, foi a estrela do polo sul há cerca de 14 mil anos. Para os indígenas australianos, sua antiga posição no céu foi tão significativa que teria sido preservada nas tradições da Tasmânia, mesmo milênios após sua mudança na paisagem celeste. 

Como podemos ver, mais do que simples pontos brilhantes no céu, estrelas polares representam esperança, orientação e a ligação atemporal entre os seres humanos e o cosmos.

O post Por que existe uma estrela polar do norte, mas nenhuma do sul? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/05/ciencia-e-espaco/por-que-existe-uma-estrela-polar-do-norte-mas-nenhuma-do-sul/