23 de junho de 2025
Por que o bicho-preguiça é tão lento?
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No coração do Caribe, na ilha hondurenha de Roatán, um animal de andar suave e olhar sereno reina como símbolo nacional: o bicho-preguiça.

Apesar de sua fama mundial por ser um dos animais mais lentos do planeta, ele ganhou status de orgulho local não por sua velocidade, mas pela tranquilidade que representa, em harmonia com a natureza exuberante da região.

Em Roatán, o bicho-preguiça é mais do que um ícone turístico, é um emblema de respeito à biodiversidade, à paciência e à coexistência com o ambiente natural.

Sua imagem ilustra murais, placas e souvenires como reflexo de uma cultura que valoriza o ritmo calmo da vida. Mas afinal, por que o bicho-preguiça é tão lento? E o que a ciência diz sobre esse comportamento que, ao contrário do que parece, é tudo menos preguiçoso?

Por que os bichos-preguiça são tão… preguiçosos?

O bicho-preguiça é um dos animais mais icônicos da América Latina e, ao contrário do que muitos pensam, sua lentidão não é resultado de preguiça, mas sim uma adaptação evolutiva extremamente eficiente.

Bicho-preguiça (Foto: Andy Ly/Wikimedia Commons)

Com metabolismo incrivelmente lento, esses animais vivem em câmera lenta como uma estratégia de sobrevivência.

O bicho-preguiça não precisa se mover rapidamente porque vive em um ambiente com poucos predadores naturais no topo das árvores e porque consome uma dieta de baixa energia composta, em sua maioria, por folhas.

As folhas são pobres em nutrientes e difíceis de digerir. Por isso, os bichos-preguiça desenvolveram um sistema digestivo especializado, com um estômago dividido em câmaras, similar ao de alguns ruminantes.

Esse sistema pode levar até um mês para processar completamente uma refeição. Como a digestão consome muita energia e a dieta oferece pouco retorno calórico, eles simplesmente desaceleraram.

O movimento lento reduz o gasto de energia e os ajuda a sobreviver com o mínimo necessário.

Outro ponto interessante é que sua lentidão também funciona como camuflagem. Os bichos-preguiça se movem tão devagar que evitam atrair atenção de predadores como onças e aves de rapina.

Bicho-preguiça na Costa Rica (Foto: Bernard Gagnon/Wikimedia Commons)

Além disso, seu pelo abriga algas verdes que ajudam a mesclar sua pelagem com o verde das folhas, tornando-os quase invisíveis no topo das árvores. Esse disfarce natural é possível justamente porque eles não se movem com frequência.

Os bichos-preguiça vivem a maior parte de suas vidas pendurados em galhos, e seu corpo está perfeitamente adaptado a isso.

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Suas garras longas e curvas permitem que se agarrem com firmeza, e seus membros são desenhados para sustentar o peso com o mínimo de esforço. Curiosamente, mesmo quando mortos, seus corpos permanecem presos aos galhos por horas, o que demonstra o nível de adaptação à vida suspensa.

Além de lentos, eles são excelentes nadadores. Quando entram na água, conseguem se mover com mais velocidade do que em terra ou nas árvores, utilizando movimentos amplos dos braços para se impulsionar. Isso os ajuda a atravessar rios e lagos entre florestas, e às vezes também é uma forma de fugir de ameaças em terra firme.

A baixa temperatura corporal também contribui para seu estilo de vida lento. Os bichos-preguiça têm uma temperatura média de cerca de 30 °C, inferior à maioria dos mamíferos, o que diminui ainda mais seu metabolismo.

Bicho-preguiça de olhos fechados (Reprodução: David Gomez (@dcanadianphotographer)/Unsplash)

Quando o clima esfria, eles se tornam ainda mais lentos, e isso pode afetar até sua capacidade de digestão. Em dias frios, alguns simplesmente param de comer até a temperatura subir novamente.

As espécies de bicho-preguiça mais conhecidas são as de três dedos (gênero Bradypus) e as de dois dedos (gênero Choloepus).

Apesar de parecidos à primeira vista, eles pertencem a famílias diferentes e possuem diferenças significativas de comportamento, alimentação e anatomia. Os de dois dedos, por exemplo, são um pouco mais ativos e possuem dieta mais variada.

Os bicho-preguiça são fundamentais para os ecossistemas das florestas tropicais. Além de dispersarem sementes, seus pelos funcionam como um pequeno ecossistema ambulante, abrigando algas, fungos e pequenos invertebrados.

Esse relacionamento simbiótico torna sua presença ainda mais relevante para o equilíbrio da biodiversidade.

Embora sua lentidão seja frequentemente vista como sinônimo de fragilidade, os bicho-preguiça são, na verdade, o resultado de milhões de anos de adaptação extremamente bem-sucedida.

Em vez de correr, eles sobreviveram sendo quase invisíveis, gastando pouca energia e mantendo um ritmo de vida que prioriza a eficiência sobre a pressa.

Com informações de WWF.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/23/ciencia-e-espaco/por-que-o-bicho-preguica-e-tao-lento/