1 de dezembro de 2025
Por que os pinguins não vivem nem visitam o Hemisfério
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Se você já viu qualquer animação ou documentário com pinguins, você certamente sabe que eles vivem sobre o gelo da Antártida e em outras regiões do extremo sul do planeta. São lugares extremamente frios, onde os ventos podem chegar a -60°C.

Para a maioria dos animais (inclusive seres humanos), em poucos minutos esse frio resultaria em uma hipotermia fatal. No entanto, um pinguim não apenas sobrevive a esse clima brutal, como passa confortavelmente horas sobre a mesma superfície gelada.

Mas como isso é possível? Será que eles simplesmente não sentem frio? A resposta vai muito além da resistência: é uma obra-prima da engenharia evolutiva. Estas aves escondem segredos fisiológicos fascinantes que transformam seus corpos em verdadeiras “fortalezas” térmicas.

O que é o processo de congelamento de um ser vivo?

Para entender a proeza dos pinguins, primeiro precisamos entender o que acontece quando um ser vivo congela. Em termos biológicos, o frio extremo é letal porque os seres vivos são compostos majoritariamente por água.

Colônia de pinguins na Antártida (Imagem: zhrenming/Pixabay)

Quando a temperatura corporal cai drasticamente, a água dentro das nossas células começa a cristalizar. Como o gelo ocupa mais espaço que a água líquida, esses cristais se expandem e rompem as membranas celulares, causando necrose (morte do tecido), o que conhecemos como queimadura por frio.

Animais endotérmicos (de sangue quente), como nós e os pinguins, precisam manter a temperatura interna constante. Se o calor perdido para o ambiente for maior que o calor produzido pelo metabolismo, o corpo entra em colapso. O segredo dos pinguins não é gerar calor infinito, mas sim evitar, a todo custo, que esse calor escape.

Por que pinguins não congelam no frio?

A sobrevivência destas aves não depende de um único fator, mas de um sistema integrado de proteção. A natureza equipou os pinguins com um “kit de sobrevivência” triplo: isolamento de elite, impermeabilização e um sistema circulatório genial.

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A primeira linha de defesa dos penguins contra o frio são as penas. Ao contrário da maioria das aves, que têm penas espalhadas em trilhas, os pinguins possuem uma densidade de plumagem extraordinária. Estudos indicam que, dependendo da espécie, eles podem ter a plumagem mais densa de todas as aves.

Pinguins nadando no mar
Pinguins nadando no mar (Imagem: jodeng/Pixabay)

Essas penas curtas e rígidas se sobrepõem como telhas em um telhado, criando uma barreira contra o vento. Mais importante ainda: elas aprisionam uma camada de ar quente junto à pele. Além disso, os pinguins possuem glândulas que produzem um óleo impermeabilizante, garantindo que a água gelada nunca toque a pele deles.

A ciência descobriu recentemente que a estrutura das penas é ainda mais complexa do que se imaginava. Nanoestruturas nas penas que evitam a formação de gelo, funcionando como um material “anti-aderente” para cristais congelados.

Abaixo da pele, os pinguins possuem uma camada espessa de gordura. Em terra firme, essa gordura atua como um isolante térmico passivo, similar a um cobertor pesado. Na água, onde a perda de calor é 25 vezes mais rápida do que no ar, essa gordura é vital para manter os órgãos internos aquecidos e funcionando a cerca de 39°C.

Por que as patas dos pinguins não congelam?

Talvez a parte mais curiosa seja a pata do pinguim. Ela não tem penas e está em contato direto com o gelo. Por que ela não congela e cai? E por que o pinguim não perde todo o seu calor corporal por ali?

A resposta está em um mecanismo fisiológico sofisticado chamado troca de calor por contrafluxo.

Pequenos pinguins imperadores na neve
Pequenos pinguins imperadores na neve (Imagem: pvproductions/Freepik)

As artérias que levam o sangue quente do coração para as patas correm coladas às veias que trazem o sangue frio das patas de volta para o coração. Nesse trajeto, o calor do sangue arterial é transferido para o sangue venoso antes de chegar à extremidade.

O resultado é brilhante: o sangue que chega aos pés já está resfriado (perto de 1°C ou 2°C), o suficiente para não congelar os tecidos, mas frio o bastante para reduzir drasticamente a diferença de temperatura entre a pata e o gelo. Como explica a organização Penguins International, isso limita a perda de calor, mantendo o núcleo do corpo quente enquanto os pés operam em “modo de economia de energia”.

Se as patas fossem quentes, o pinguim derreteria o gelo abaixo dele, afundaria e congelaria. Se fossem frias demais, os tecidos morreriam. Essa adaptação permite que a temperatura na superfície do corpo seja muito baixa, enquanto o interior permanece tropical.

O post Por que os pinguins não congelam no frio? Entenda a fisiologia destas aves curiosas apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/01/ciencia-e-espaco/por-que-os-pinguins-nao-congelam-no-frio-entenda-a-fisiologia-destas-aves-curiosas/