1 de setembro de 2025
Povos antigos do Peru modificavam crânio para imitar montanhas!
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Os crânios de bebês são naturalmente maleáveis nos primeiros meses de vida. Segundo cientistas, isso acontece, em primeiro lugar, para facilitar o parto. Outra vantagem da condição é permitir o crescimento do cérebro.

No livro The Mountain Embodied (a montanha incorporada), o antropólogo Matthew Velasco, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, detalha que os povos antigos do Peru sabiam disso. E que realizavam modificações cranianas nos recém-nascidos.

Testa inclinada era considerada uma característica vantajosa

Segundo reportagem do The New York Times, a tradição fazia parte das culturas collaguas e cavanas, povos vizinhos que viviam no Vale Colca, nas terras altas do Peru. O livro aponta que estas populações antigas, consideradas as primeiras da região, acreditavam que ter uma testa inclinada era uma característica vantajosa.

Durante o período de 1100 a 1450, os collaguas empregaram métodos para fazer com que suas cabeças assumissem uma forma mais longa e estreita. Os cavanas, por sua vez, tinham como objetivo tornar suas cabeças largas e achatadas. Com o tempo, o aspecto alongado dos collaguas tornou-se o estilo dominante de modificação craniana na região.

Collaguas e cavanas foram os primeiros povos da região a realizarem este tipo de prática (Imagem: reprodução/Matthew Velasco)

Essas alterações resultavam em crânios que imitavam as silhuetas de montanhas sagradas para suas respectivas culturas. Velasco cita um escriba e tradutor espanhol do século XVI que escreveu que os collaguas usavam chapéus altos sem aba e modelavam as formas de suas cabeças para homenagear um vulcão distante que consideravam seu lar ancestral. Já os cavanas esculpiam os crânios de seus bebês em tributo a um pico coberto de neve que se erguia sobre sua cidade.

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Modelagem craniana era uma tradição antiga na região (Imagem: reprodução/Matthew Velasco)

Modelagem dos crânios continuou durante o império inca

  • Em um estudo de 2018, Matthew Velasco examinou os crânios de 213 humanos mumificados enterrados em dois cemitérios collagua.
  • A partir destas análises, ele levantou a hipótese de que meninas e mulheres collagua com crânios modificados teriam tido acesso a uma variedade maior de alimentos e menor incidência de violência.
  • No século XV, os incas incorporam a região ao seu império e até permitiram que a prática fosse mantida pelos locais.
  • Segundo o pesquisador, isso contribuiu para disparidades sociais.
  • Indivíduos com cabeças modeladas provavelmente assumiam funções específicas na economia agrícola e pastoril, que posteriormente conferiam direitos a terras e recursos.
  • Dessa forma, a ampla adoção da modelagem craniana no século XIV parece ter servido para manter a riqueza dentro desses grupos.
  • A tradição acabou sendo proibida pelos colonizadores espanhóis no século XVI.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/01/ciencia-e-espaco/povos-antigos-do-peru-modificavam-cranio-para-imitar-montanhas/