O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, defendeu, nesta quarta-feira (22), a responsabilização das redes sociais pelos danos que elas podem causar na sociedade. Mais do que isso: segundo ele, essa responsabilização deve ser criminal e deve atingir os proprietários das plataformas.
O premiê pretende apresentar uma proposta nesse sentido em março, durante reunião dos líderes da União Europeia. Além de mirar nos bilionários do setor, ele também propõe tornar os algoritmos mais transparentes e o fim do anonimato na internet. Algo como vincular os dados dos usuários a uma carteira de identidade comum no bloco.
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As sugestões de Sánchez foram dadas durante discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. E foi uma declaração que fez bastante barulho, justamente por contrastar com a posse de Donald Trump, nos Estados Unidos, que colocou os donos das big techs na primeira fileira do evento.
O premiê da Espanha, aliás, fez uma provocação e usou o slogan de Trump para cobrar as redes. Disse que vai trabalhar para tornar as plataformas “grandes de novo”. Uma referência ao “Make America Great Again” do republicano.
O que disse Pedro Sánchez
- Na avaliação do primeiro-ministro da Espanha, as redes sociais devem ser tratadas de forma igual a outros setores da sociedade.
- Ele citou como exemplo um restaurante:
“O proprietário de um pequeno restaurante é responsável se sua comida envenena os clientes; os magnatas das redes sociais devem ser [portanto] responsabilizados se seus algoritmos envenenarem a sociedade”, declarou Sánchez.
- O premiê deixou claro que não é contra as redes em si e disse que elas trazem o benefício de conectar as pessoas umas às outras.
- O problema, porém, segundo ele, são as “enormes desvantagens escondidas nas entranhas dos algoritmos”.
- Vale destacar que Sánchez não citou nominalmente nenhum dono de big tech durante o discurso.
- Mas ele falou em “um pequeno grupo de tecnomilionários” que estão “minando as nossas instituições democráticas”.
- E por que eles estariam fazendo isso?
- Para o primeiro-ministro da Espanha, a resposta passa pelo dinheiro:
“[Eles permitem] as notícias falsas porque são boas para o negócio e trazem mais cliques e anúncios. […] Não se contentam em ter poder econômico, mas querem ter poder político de uma forma que estão a minar as nossas instituições democráticas”, lamentou Sánchez.
- Sobre a proposta de acabar com o anonimato nas redes, o espanhol explicou que funcionaria como uma espécie de CNH para as pessoas:
“Nos nossos países, ninguém pode conduzir sem carta, mas continuamos a permitir que as pessoas naveguem sem associar o seu perfil a uma identidade real”, pontuou.
- De acordo com Sánchez, isto permite que os cidadãos não precisem arcar com as consequências dos seus atos.
“Os cidadãos têm direito à privacidade, não ao anonimato ou à impunidade”, concluiu.
Europeus criticam gesto de Elon Musk
Apesar das inúmeras críticas, Pedro Sánchez não falou sobre o polêmico gesto de Elon Musk, que foi apontado como uma suposta saudação nazista. A ministra do Trabalho da Espanha, porém, fez duras críticas ao bilionário.
Yolanda Diaz anunciou que vai sair do X e disse que ‘não vai fazer parte de uma rede social baseada no uso de algoritmos que incentivam ideias xenófobas, contra os direitos humanos e incentivam a extrema direita no mundo’.
Outro que condenou o gesto do dono da Tesla foi o chanceler alemão, Olaf Scholz – também em Davos. Questionado sobre o episódio, o primeiro-ministro afirmou que as pessoas não podem usar a liberdade de expressão para defender ideias nazistas:
“Nós temos liberdade de expressão na Europa e na Alemanha. Todos podem dizer o que quiserem, mesmo que sejam bilionários. O que não aceitamos é se for para apoiar posições de extrema direita”, declarou Scholz.
Elon Musk, por sua vez, não deixou barato e atacou o chanceler em sua conta no X, errando a grafia do nome do alemão:
Em Inglês, “Oaf” significa idiota e “Schitz” tem o mesmo som da palavra “shit”, que significa cocô.
As informações são do EuroNews.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/23/internet-e-redes-sociais/premie-da-espanha-cobra-punicao-aos-donos-de-redes-sociais/