23 de fevereiro de 2025
Qual a diferença entre maremoto e terremoto?
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Para explicar a diferença entre maremoto e terremoto, talvez você já tenha ouvido a seguinte frase: “Um maremoto é sempre um terremoto, mas nem todo terremoto é um maremoto”.

Só que, segundo a sismologia, não é bem assim. Para entender melhor a respeito, é preciso saber a definição de cada um dos fenômenos naturais, compreender suas causas, mecanismos e distribuição geográfica, para deixar mais claro o entendimento.

O terremoto é uma vibração ou movimento repentino do solo causado pela liberação de energia acumulada nas falhas geológicas ou pelo movimento das placas tectônicas. Esses eventos podem ocorrer em qualquer parte do mundo, mas são mais comuns em regiões próximas aos limites das placas tectônicas.

Os danos resultantes de um terremoto variam conforme sua magnitude e proximidade de áreas habitadas, podendo causar desde pequenas rachaduras em edificações até a destruição completa de infraestruturas e perda de vidas humanas.

O maremoto (também conhecido como tsunami, mas para não confundir mais, vamos por partes na explicação) é um fenômeno caracterizado por uma série de ondas gigantes que se formam principalmente nos oceanos e mares.

Embora frequentemente associados a terremotos submarinos, os maremotos podem ser desencadeados por outros eventos, como erupções vulcânicas submarinas, deslizamentos de terra ou até mesmo impactos de meteoritos. Quando essas ondas atingem áreas costeiras, podem causar inundações devastadoras, destruindo edificações, infraestruturas e resultando em significativas perdas humanas.

Qual a diferença entre maremoto e terremoto?

Os danos causados por um terremoto em área urbana (Imagem: Faruk Tokluoğlu / Pexels)

Maremotos e terremotos são fenômenos naturais relacionados à dinâmica da crosta terrestre, mas diferem em suas características, origens e impactos.

  • Origem: terremotos ocorrem devido ao movimento das placas tectônicas ou falhas geológicas, enquanto maremotos são geralmente causados por distúrbios no leito oceânico, como terremotos submarinos ou erupções vulcânicas.
  • Local de ocorrência: terremotos podem ocorrer tanto em áreas continentais quanto oceânicas, ao passo que maremotos estão restritos a ambientes aquáticos.
  • Impacto: os terremotos afetam diretamente o solo e as estruturas sobre ele, causando danos como desmoronamentos e rachaduras. Já os maremotos geram ondas que podem inundar vastas áreas costeiras, causando destruição por onde passam.

Agora vamos voltar ao maremoto e ao tsunami. Os termos “maremoto” e “tsunami” são frequentemente usados como sinônimos para descrever o mesmo fenômeno natural: ondas gigantes que resultam de distúrbios no fundo do mar.

Tsunami com uma grande onda quebrando em casas costeiras
O termo tsunami passou a ser usado para descrever ondas gigantes (Imagem: Mimadea / Shutterstock)

A principal diferença entre eles reside na origem etimológica das palavras, veja:

  • Maremoto: deriva do latim “mare” (mar) e “motus” (movimento), significando “movimento do mar”. Tradicionalmente, refere-se a terremotos submarinos que causam deslocamentos significativos de água.
  • Tsunami: origina-se do japonês “tsu” (porto) e “nami” (onda), traduzindo-se como “onda de porto”. Este termo tornou-se mais comum após eventos devastadores no Japão e é amplamente utilizado para descrever ondas gigantes causadas por diversos fatores, como terremotos submarinos, erupções vulcânicas ou deslizamentos de terra.

Para resumir, embora ambos os termos se refiram ao mesmo fenômeno, “maremoto” enfatiza o movimento do mar, enquanto “tsunami” destaca a onda que atinge áreas costeiras. Atualmente, “tsunami” é o termo mais utilizado globalmente para descrever essas ondas destrutivas.

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Infelizmente, há uma grande lista de exemplos notáveis ao longo da história, que marcaram por sua capacidade destrutiva e que causaram grande devastação, por exemplo:

  • Terremoto de Valdivia (1960): ocorreu no Chile em 22 de maio de 1960, com uma magnitude de 9,5, sendo o maior já registrado. Causou aproximadamente 2.000 mortes e deixou mais de 2 milhões de desabrigados. O evento também gerou um tsunami que afetou áreas distantes, incluindo o Havaí, Japão e Filipinas.
  • Tsunami do Oceano Índico (2004): em 26 de dezembro de 2004, um terremoto submarino de magnitude 9,1 ocorreu próximo à costa oeste de Sumatra, na Indonésia. O subsequente tsunami resultou em ondas devastadoras que atingiram 14 países, causando a morte de aproximadamente 230.000 pessoas e deixando milhões de desabrigados.
  • Tsunami na Baía de Lituya (1958): o maior tsunami já registrado em termos de altura de onda ocorreu na Baía de Lituya, no Alasca, em 9 de julho de 1958. Esse evento, conhecido como o “megatsunami da Baía de Lituya”, gerou uma onda com impressionantes 524 metros de altura – só para você ter uma ideia, o possível prédio mais alto do Brasil, o Triumph Tower, terá 509 metros.

O megatsunami da Baía de Lituya é um evento único e extremo, que nos mostra a força da natureza e a capacidade de gerar eventos catastróficos. A altura colossal que atingiu supera em muito os tsunamis comuns, que geralmente têm ondas de poucos metros de altura.

Tem maremoto no Brasil?

Sim, porém a ocorrência é rara. O Brasil está situado no centro da Placa Sul-Americana, uma região com baixa atividade sísmica, em comparação com outras regiões do planeta.
Há registro de um tsunami no Brasil, em 1755, causado pelo terremoto de Lisboa, em Portugal. As ondas chegaram ao Brasil com menor intensidade e não causaram grandes estragos.
Em 11 de novembro de 2023, a Praia do Cardoso, em Laguna, Santa Catarina, foi surpreendida por um “tsunami meteorológico”. Diferentemente dos tsunamis tradicionais, que resultam de atividades sísmicas, esses fenômenos são causados por rápidas mudanças nas condições atmosféricas, levando a variações na pressão do ar que influenciam o nível do mar e geram ondas anômalas. Portanto, a chance de um maremoto (tsunami) no Brasil é muito baixa.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/20/ciencia-e-espaco/qual-a-diferenca-entre-maremoto-e-terremoto/