O Departamento de Energia dos EUA concluiu mais uma etapa da construção do primeiro radiotelescópio que ficará baseado no lado oculto da Lua. A iniciativa é liderada pelo Laboratório Nacional Brookhaven em parceria com a NASA.
O Experimento Noturno de Eletromagnetismo da Superfície Lunar (LuSEE-Night) tem um objetivo ousado: contar a história do Universo a partir de ondas sonoras. O equipamento será enviado para um ambiente extremamente “silencioso”, protegido de interferências de rádio da Terra e do Sol.
Cosmólogos acreditam que será possível captar o chamado “Sinal da Idade das Trevas”, que teria começado cerca de 380.000 anos após o Big Bang — uma época em que estrelas e planetas ainda não existiam. Isso poderá trazer respostas sobre a natureza da energia escura ou a formação do próprio Universo.
“Estamos em uma nova era da ciência espacial”, disse Paul O’Connor, cientista do Instrumento do Projeto LuSEE-Night. “Os preços de lançamento caíram. A instrumentação está mais sofisticada. É muito emocionante fazer parte disso.”
Trabalho entre parceiros
O projeto grandioso exigiu soluções que garantissem um telescópio robusto o suficiente para sobreviver no lado oculto da Lua, onde as temperaturas oscilam entre -173ºC e 137ºC, com escuridão total por 14 dias terrestres, seguidos por 14 dias de luz solar intensa.
O instrumento científico central foi construído pelo Laboratório Brookhaven, além de metade de seus componentes (a maioria para gerenciar energia e comunicação), enquanto o Laboratório de Ciências Espaciais (SSL) da UC Berkeley desenvolveu as antenas para capturar o sinal do Universo.
Com o objetivo de contornar possíveis efeitos negativos da variação térmica, a equipe criou um tubo que transfere o calor do local onde é gerado para um radiador de calor voltado para o espaço frio. Toda a operação poderá ser controlada a partir da Terra, incluindo consumo de energia — o telescópio será alimentado por painéis solares.
O projeto inicial do LuSEE-Night previa um peso máximo de 128 kg para ser instalado em um módulo de pouso. Até agora, os componentes apresentaram um peso combinado de 76 kg, abaixo do limite de 85 kg estabelecido pelo programa.
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Montagem final
Ainda em fase de montagem, o radiotelescópio passará por testes iniciais no Laboratório de Dinâmica Espacial da Universidade Estadual de Utah ainda neste ano. Depois, será enviado à Firefly Aerospace para integração final no módulo de pouso Blue Ghost 2.
A data de lançamento ainda será definida pela NASA, mas a expectativa é que ocorra em 2026 por meio do programa Commercial Lunar Payload Services. As equipes esperam conseguir operar o radiotelescópio na Lua por pelo menos dois anos.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/29/ciencia-e-espaco/radiotelescopio-captara-sons-do-universo-no-lado-oculto-da-lua/
