25 de março de 2025
Reator nuclear caseiro colocou cidade em perigo
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Reatores nucleares são construções caras e complexas, podendo levar anos para serem feitos. Mas um menino no quintal de casa conseguiu colocar mais de 40 mil pessoas de sua cidade em risco ao utilizar objetos comuns do dia-a-dia para produzir um reator caseiro.

David Hahn, de 17 anos, era fascinado por ciência desde que começou a estudar química, aos 10 anos, a ponto de ter sido apelidado de “Escoteiro Radioativo”, mas sua paixão pela química chamou a atenção das autoridades após a construção do reator. 

Hahn utilizou filtros de café e potes de picles para manusear produtos radioativos. Para a construção da peça, três elementos químicos acessíveis foram coletados para concretizar o plano. O jovem coletou tório (retirado de lanternas); rádio (retirado de relógios); trítio (retirado de miras noturnas para armas); e lítio (que ele conseguiu ao comprar mil dólares em pilhas). 

Dessa forma, o jovem conseguiu criar uma fonte de nêutrons rudimentar, porém incapaz de produzir combustível fissionável na taxa de outros reatores. Mas isso não quer dizer que o objeto não foi capaz de emitir radiação.

Autoridades conseguiram detectar radiação nos arredores da casa de Hahn. A polícia localizou o galpão onde os experimentos foram feitos depois de parar o carro do adolescente e ele ter confessado que carregava no porta-malas do carro material radioativo. 

O caso se expandiu e as autoridades federais foram acionadas, o que levou a Agência de Proteção Ambiental à porta da família do garoto. 

David Hahn (Imagem: Reprodução)

“Eu era muito emotivo quando criança, e esses experimentos me deram uma maneira de fugir disso. Eles me respeitavam”, disse Hahn à Harpers Magazine em 1998.

No fim, o material foi coletado e ninguém se feriu. Mas o final poderia ter sido diferente caso não tivesse uma intervenção das autoridades.

Perigo de reator nuclear caseiro

De acordo com Luiz Antonio Andrade de Oliveira, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Araraquara, o perigo da combinação usada por Hahn não está nas reações químicas desses elementos, mas sim na radiação liberada.

Em entrevista ao Olhar Digital em 2022, Oliveira, que é graduado em Química pela Unesp e doutor em Química Inorgânica pela Universidade de São Paulo (USP), explicou que o tório, por exemplo, libera radônio, que é o gás mais denso de que se tem conhecimento. Quando inalado, sua desintegração radioativa pode causar sérios danos aos pulmões, e, além disso, os elementos gerados em sua desintegração são extremamente tóxicos. 

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“Como é um elemento que não participa do nosso metabolismo, o corpo não excreta com facilidade”, disse o professor. “Nos EUA, há alguns lugares com maior concentração de tório. E lugares que têm um nível de tório maior liberam mais radônio. A manipulação em ambientes fechados, mal ventilados e com equipamentos inadequados pode desencadear problemas de saúde, como câncer de pulmão, gerados pelo radônio liberado pelo tório”.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/03/23/ciencia-e-espaco/reator-nuclear-caseiro-colocou-cidade-em-perigo/