Dezenas de pirâmides antigas do Egito estão localizadas em uma faixa de deserto estéril, longe das margens do rio Nilo moderno. Uma nova teoria sugere que essas estruturas foram construídas ao longo de um ramo do sistema fluvial que desapareceu com o tempo.
Um artigo publicado nesta quinta-feira (16) na revista Communications Earth & Environment defende que essa teoria pode explicar a localização das pirâmides e fornecer pistas sobre como elas foram construídas há mais de 4.500 anos.
Mais de 30 pirâmides, incluindo a famosa Grande Pirâmide de Gizé, estão situadas ao longo de uma faixa entre Gizé e Lisht, na borda do deserto ocidental do Saara. Esse campo piramidal está a uma distância significativa do atual rio Nilo.
No entanto, sabe-se que o rio Nilo mudou de curso várias vezes ao longo dos milênios e provavelmente teve um volume maior de água no passado, além de ramificações que não existem mais.
Imagens de satélite usadas para mapear antigo ramo perto das pirâmides
Os cientistas utilizaram imagens de satélite para procurar a possível localização de um antigo ramo do rio Nilo perto do Planalto do Deserto Ocidental, onde as pirâmides estão localizadas. Ao encontrar um possível candidato, realizaram levantamentos geofísicos e coletaram amostras de sedimentos na área. As evidências indicam a existência de um antigo ramo do rio, que eles chamaram de “Ahramat”, ou seja,”pirâmides” em árabe. Esse ramo tinha cerca de 64 quilômetros de comprimento e, em algumas áreas, uma largura de meio quilômetro, comparável ao curso atual do Nilo.
Eman Ghoneim, principal autor do estudo da Universidade da Carolina do Norte Wilmington, explicou que não era um ramo pequeno, mas um componente importante do sistema fluvial. Esse ramo do rio começou a desaparecer há cerca de 4.200 anos, após a construção das pirâmides, devido a uma intensa seca que cobriu a área com areia soprada pelo vento, enterrando o rio.
Ghoneim acrescentou que, à medida que os ramos do rio desapareciam, cidades e vilas egípcias antigas também se perderam, sem deixar pistas de sua localização. Antes de desaparecer, o ramo teria sido crucial para a construção das pirâmides, como uma hidrovia que viabilizou o transporte de enormes quantidades de pedra e trabalhadores ao longo de todo o Egito, funcionando como um sistema de veias.
O estudo conclui que a presença de pirâmides em uma área específica sugere a existência de corpos d’água no passado, que facilitaram o transporte de materiais e trabalhadores para esses locais. A pesquisa lança nova luz sobre a forma como as pirâmides foram construídas e a importância dos antigos sistemas fluviais na história do Egito.
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Essa descoberta ajuda a entender melhor a construção das pirâmides, além de oferecer uma nova perspectiva sobre a relação entre os antigos egípcios e seu ambiente, mostrando como mudanças no curso do Nilo influenciaram a civilização egípcia ao longo do tempo.
Por exemplo, o transporte de blocos de pedra, alguns pesando toneladas, teria sido praticamente impossível sem uma rota fluvial.
Além disso, essa teoria sugere que a localização das pirâmides, aparentemente aleatória, estava, na verdade, estrategicamente posicionada ao longo desse ramo do Nilo. A água teria sido um recurso vital, não apenas para transporte, mas também para a vida cotidiana das pessoas que viviam e trabalhavam nas proximidades das pirâmides.
Em suma, a descoberta do antigo ramo do rio Nilo, Ahramat, oferece uma nova compreensão sobre a logística e a estratégia por trás da construção das pirâmides egípcias. Revela a engenhosidade dos antigos egípcios em aproveitar os recursos naturais disponíveis e destaca a importância das mudanças ambientais na evolução das civilizações.
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