
Como já comentamos aqui no Olhar Digital, é gigantesco o número de modelos de IA generativa disponível para os mais diferentes usos. E a verdade é que os ganhos em produtividade ainda são mínimos e, pelo menos por enquanto, focados em programadores e redatores.
Além disso, estimativas indicam que as grandes empresas de IA apresentam déficits de receita de US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,25 trilhões). Fator que, aparentemente, não impacta no volume arrecadado em rodadas de investimentos cada vez mais comuns, atraídas principalmente por promessas de grande lucro no futuro.
IA generativa por assinatura em cheque
Segundo artigo publicado no The Conversation, serviços de IA muito conhecidos, como o ChatGPT ou o Gemini, custam muito dinheiro para serem operados, mas rendem muito pouco com suas assinaturas, e isso pode levantar dúvidas sobre como essas empresas se tornarão lucrativas.
Como muitas startups, as empresas de IA generativa gastam muito dinheiro para atrair e fidelizar seus usuários. Mas será que esse é o caminho certo para elas?
A maioria das Big Techs não obteve sucesso criando produtos de alto custo, mas sim produtos de baixo custo que os usuários não conseguem abandonar, financiados por publicidade.
Fenwick McKelvey, Professor Associado em Política de Tecnologia da Informação e Comunicação na Universidade Concordia, em artigo no The Conversation.
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Tanto que, segundo McKelvey, a própria OpenAI está pensando em colocar anúncios nas respostas fornecidas pelo ChatGPT. Apesar de ainda não se saber como isso será feito, nem se o modelo irá cobrir os altíssimos custos para manter o serviço.

Entenda os custos ocultos dos modelos de IA
Mas não pense que os custos para a manutenção de modelos de IA generativa dizem respeito apenas à parte tecnológica. Há diversos outros fatores que precisam ser considerados, como:
- Licenciamento de conteúdo protegido para treinar os modelos de forma legal.
- Gastos com possíveis ações por direitos autorais.
- Despesas com lobby para influenciar legislações ou conquistar isenção de responsabilidades.
- Custos para adaptação a mudanças em leis e regulamentos.
Sem falar em outros possíveis custos, como a redução do valor da empresa frente à competição com modelos de código aberto, a diminuição do capital de risco disponível e os investimentos em comunicação e relações públicas para preservar a credibilidade, explica McKelvey.
Ou seja, a IA generativa pode ser extremamente útil em termos tecnológicos, mas de sustentação econômica muito difícil no longo prazo.
O que pode acontecer no futuro

McKelvey explica que, se a IA generativa não fornecer lucros sustentáveis, “não haverá grandes cheques da OpenAI, Anthropic ou Google se seus modelos forem passivos”. O progresso do desenvolvimento da tecnologia também pode ficar estagnado, o que pode, em certo ponto, ser benéfico para o usuário.
Os usuários ainda se beneficiariam de ferramentas acessíveis e funcionais.
Fenwick McKelvey, Professor Associado em Política de Tecnologia da Informação e Comunicação na Universidade Concordia, em artigo no The Conversation.
Por apresentar um modelo econômico frágil e com diversos custos ocultos, o futuro da tecnologia parece depender mais da sua capacidade de se tornar financeiramente sustentável do que pelo seu avanço técnico. E isso também poderia ser visto de forma positiva, por contribuir para reduzir o poder que as Big Techs têm atualmente, acredita McKelvey.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/01/pro/sera-que-a-ia-generativa-pode-quebrar-antes-de-decolar/