
Não é a primeira vez que astrônomos detectam pulsos de rádio vindos do espaço. No entanto, uma nova descoberta está intrigando a comunidade científica: um sinal de rádio que vem em nossa direção a cada 14 minutos – e parecer estar acelerando.
O sinal foi batizado de CHIME J1634+44. Ele pertence à categoria dos Transientes de Rádio de Longo Período (LPRTs), que já são conhecidos da ciência. Mesmo assim, ele é diferente de tudo que os astrônomos já viram.
Ondas de rádio vindas do espaço já foram detectadas antes
Várias fontes de rádio já foram encontradas vindo em direção à Terra. Como explicou o IFLScience, até alguns anos atrás, a comunidade científica acreditava que essas ondas eram fontes permanentes, explosões únicas ou pulsos que se repetiam em uma frequência específica, geralmente de poucos segundos ou milissegundos (como os pulsares).
Astrônomos até já descobriram sinais mais longos que isso, mas eles se revelaram ser de origem humana. Isso mudou quando a professora Natasha Hurley-Walker, da Universidade Curtin, descobriu um sinal de rádio que emite pulsos a cada 1.091 segundos, um período considerado longo demais para ser um pulsar. Assim, surgiu a categoria dos Transientes de Rádio de Longo Período.
Outros exemplos surgiram ao longo do tempo. Em alguns casos, os pulsos vinham de estrelas anãs vermelhas ou anãs brancas em órbitas estreitas.
Até que, em outubro de 2022, o Experimento Canadense de Mapeamento de Intensidade de Hidrogênio (CHIME) estava fazendo uma busca por pulsares e encontrou um sinal de rádio estranho, que não se encaixava na definição tradicional da categoria.

Sinal de rádio é diferente de tudo que conhecemos
Esse tal sinal de rádio é o CHIME J1634+44, como foi batizado. Na época, o experimento detectou apenas uma explosão – e ficou por isso mesmo.
No entanto, o CHIME foi reativado algumas vezes desde então e registrou outras 89 explosões ao longo de quatro anos. O número foi suficiente para estabelecer uma cronologia e coletar detalhes. Veja o que sabemos:
- O CHIME J1634+44 está localizado na constelação de Hércules;
- Ao contrário da maioria dos outros Transientes de Rádio de Longo Período, ele não fica em uma parte congestionada da Via Láctea, o que facilita a detecção do sinal de rádio;
- Em algumas das observações, os sinais vinham a cada 4.206 segundos (70 minutos). Já em outros, a cada 841 segundos (14 minutos);
- A equipe interpretou que o ciclo é de 841 segundos e que alguns pulsos são fracos demais para serem detectados no intervalo de 70 minutos. Ou seja, no caso do intervalo mais longo, nem todos os sinais enviados foram registrados com sucesso.
O CHIME J1634+44 intriga cientistas por três motivos. Primeiro, ao contrário de outros pulsos da mesma categoria, não há sinal de uma estrela principal (anã vermelha ou branca) ao redor dele. Segundo, ele é quase 100% polarizado circularmente, algo que é difícil de explicar. Terceiro, ele parece estar acelerando, com os pulsos diminuindo ligeiramente (nesse caso, a fonte está acelerando).

De onde vem esse sinal?
Essa também é uma pergunta ainda sem resposta.
Registros anteriores de sinais de rádio tão polarizados indicavam que eles vinham de explosões de estrelas relativamente próximas à Terra, como o Sol. Mas, nesses casos, o fluxo era bem maior do que o CHIME J1634+4. A equipe acredita que a origem não seja a mesma.
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A teoria é de que material de uma estrela binária companheira pode estar caindo sobre uma anã branca ou uma estrela de nêutrons próxima, que seria a origem da radiação. Ou duas anãs brancas estão se orbitando. Não se sabe exatamente.
As descobertas foram publicadas no servidor arXiv. O estudo foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal Letters.
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