12 de dezembro de 2025
Sonda da NASA que perdeu contato com a Terra detectou
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Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a sonda MAVEN, que orbita Marte há mais de 11 anos, deixou de responder aos comandos da NASA no último sábado(6), após passar pela região em que o planeta bloqueia naturalmente o sinal com a Terra. O contato com a espaçonave deveria ter sido restabelecido assim que terminasse a ocultação, mas isso não aconteceu.

De acordo com a agência, o episódio é tratado como uma anomalia inesperada, já que os dados finais recebidos antes da perda de comunicação indicavam operação normal, sem falhas aparentes de energia, orientação ou sistemas internos.

Desde então, engenheiros da missão e da Deep Space Network, a rede de comunicação da NASA com o espaço profundo, analisam minuciosamente a telemetria disponível e executam novas tentativas de escuta. A investigação busca entender por que a MAVEN não voltou a transmitir nem sinais fracos de rádio, mesmo sendo um dos orbitadores mais estáveis e experientes em atividade ao redor de Marte.

A espaçonave MAVEN investiga a atmosfera de Marte por meio de telemetria, o que permite os estudos à distância. Crédito: NASA

Quase uma semana após o incidente, a NASA afirma que ainda não há evidências conclusivas sobre a causa do silêncio repentino e mantém a sonda oficialmente na categoria “anomalia sob investigação”.

A perda temporária de contato preocupa não apenas pela ciência conduzida pela MAVEN mas também por seu papel como retransmissora de dados para os rovers na superfície. Embora outras sondas possam assumir parte dessa função, a agência trabalha para recuperar a comunicação o quanto antes. Até o momento, porém, não há confirmação de que o sinal tenha sido restabelecido ou de que a missão esteja comprometida permanentemente.

Sonda MAVEN desviou o olhar para o cometa 3I/ATLAS

Lançada em novembro de 2013, a sonda entrou na órbita marciana em setembro do ano seguinte. Sigla em inglês para “Evolução da Atmosfera e dos Voláteis de Marte”, a missão MAVEN busca entender como a atmosfera marciana se transformou ao longo do tempo e por que grande parte dela escapou para o espaço.

No entanto, além de sua importância científica para estudar Marte, a MAVEN também ganhou destaque por ter sido uma das espaçonaves escolhidas pela NASA para redirecionar temporariamente seus instrumentos para outro alvo: o cometa interestelar 3I/ATLAS. 

Imagem ultravioleta mostra o halo de gás e poeira, ou coma, que envolve o cometa 3I/ATLAS, visto em 9 de outubro de 2025 pela sonda MAVEN, da NASA, utilizando seu Espectrógrafo de Imagem Ultravioleta. O pixel mais brilhante no centro indica a localização do cometa. Os pixels ao redor mostram onde átomos de hidrogênio provenientes do cometa foram detectados. Crédito: NASA/Goddard/LASP/CU Boulder

Durante 10 dias, a partir de 27 de setembro, os instrumentos da MAVEN foram ajustados para capturar imagens do cometa em diferentes comprimentos de onda usando a câmera ultravioleta (IUVS). Primeiro, a equipe registrou uma série de fotos que funcionam como filtros variados, permitindo comparar detalhes invisíveis a olho nu. Depois, a sonda produziu imagens de resolução ainda mais alta, dedicadas a rastrear com precisão o hidrogênio liberado pelo 3I/ATLAS, isolando sua assinatura ultravioleta e mostrando como esse elemento se distribui ao redor do cometa.

A combinação desses dados ajuda os cientistas a determinar que moléculas estão presentes na nuvem de gases do cometa e como elas se distribuem ao redor do núcleo. Segundo a NASA, para pesquisadores que estudam objetos interestelares, cada medição é valiosa, já que cometas vindos de fora do Sistema Solar são extremamente raros e oferecem uma oportunidade única de comparar sua composição com a dos cometas que se formaram aqui.

Essas observações também permitiram estimar a proporção entre hidrogênio comum e deutério, uma pista importante para entender a origem do 3I/ATLAS e o ambiente químico do qual ele se formou. Quando o cometa passou mais perto de Marte, canais ainda mais sensíveis do IUVS foram usados para mapear espécies como hidroxila e outros átomos presentes na coma, ampliando o alcance científico da campanha.

Uma composição em ultravioleta mostra átomos de hidrogênio ao redor do cometa interestelar 3I/ATLAS enquanto ele cruza o Sistema Solar. A imagem, feita em 28 de setembro de 2025 pela missão MAVEN, revela três fontes de hidrogênio: o cometa, Marte e o hidrogênio interplanetário. Usando um modo especial que separa as emissões pela velocidade, o instrumento distinguiu cada origem, tornando visível o cometa como um ponto pequeno e circular no céu. Crédito: NASA/Goddard/LASP/CU Boulder

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Perda da espaçonave traz enorme prejuízo científico

Para os pesquisadores, o conjunto de dados representa uma chance inédita de examinar um visitante interestelar sob outra perspectiva. Cada medida registrada pela MAVEN ajuda a reconstruir a trajetória e a natureza do cometa, além de abrir novas possibilidades para entender como esses objetos se formam e circulam entre as estrelas.

A possível perda definitiva da MAVEN preocupa cientistas, pois além de estudar a atmosfera marciana e apoiar outras missões, a sonda mostrou capacidade rara ao analisar um objeto interestelar. Sem ela, dados essenciais seriam interrompidos, criando uma lacuna importante na pesquisa planetária atual e global.

O post Sonda da NASA que perdeu contato com a Terra detectou hidrogênio no 3I/ATLAS apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/12/ciencia-e-espaco/sonda-que-perdeu-contato-com-a-nasa-detectou-hidrogenio-no-3i-atlas/