28 de janeiro de 2025
“Spa” particular encontrado em Pompeia destaca disparidade social pré-tragédia
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Arqueólogos desenterraram um complexo termal em Pompeia, na Itália, que, após dois milênios soterrado pelas cinzas do Monte Vesúvio, surge como um dos maiores e mais luxuosos já encontrados no local. Essa é uma daquelas descobertas que acontecem uma vez a cada século, segundo os pesquisadores.

Parte de uma imensa residência de elite, a terma traz à tona não apenas a diferença social discrepante presente na vida romana, como também evidências dramáticas da tragédia que consumiu a cidade no ano de 79.

O processo de escavação foi registrado pela série documental Pompeii: The New Dig, da BBC (que você pode assistir aqui). Além de destacar a grandiosidade das descobertas, a produção também mostra a emoção dos arqueólogos ao desenterrar pedaços tão preservados da história romana. Segundo eles, embora atualmente o acesso ao local seja restrito, há planos para torná-lo visitável ao público após o término das escavações.

Alguns dos artefatos descobertos pela escavação. Crédito: Parque Arqueológico de Pompeia/Reprodução

Como era o “spa” particular descoberto em Pompeia

O complexo inclui câmaras para banhos quentes, mornos e frios, bem como uma ampla piscina que podia acomodar até 30 pessoas. As paredes e tetos são adornados com afrescos e mosaicos elaborados, retratando cenas mitológicas e atléticas. 

Um sistema de aquecimento tecnologicamente avançado para a época contava com pisos suspensos e cavidades nas paredes para a circulação de ar quente, criando um ambiente confortável e sofisticado.

Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, destacou à BBC que o local é uma janela única para compreender como os romanos combinavam tecnologia e luxo em suas residências. “Essa descoberta é excepcional, uma evidência do quanto o lazer e a higiene eram valorizados pela elite”.

Escavações encontram duas vítimas do Vesúvio que buscavam refúgio 

No local, foram encontrados os esqueletos de duas pessoas que tentaram se refugiar da erupção. Uma mulher com idade entre 35 e 50 anos segurava joias e moedas, enquanto um homem mais jovem, provavelmente um serviçal, portava chaves. Ambos morreram instantaneamente devido ao fluxo piroclástico – uma mistura letal de gases superaquecidos e cinzas.

A análise dos restos mortais revelou detalhes sobre as vidas dessas vítimas. A mulher, possivelmente uma integrante da elite, tinha uma saúde geral melhor que a do homem, que apresentava sinais de trabalho físico extenuante – o que aponta para uma diferença social significativa. As joias encontradas, feitas de ouro e pedras preciosas, reforçam a hipótese de que a residência pertencia a uma família abastada.

Uma das alas do “spa” descoberto em Pompeia. Crédito: Parque Arqueológico de Pompeia/Reprodução

Atrás das câmaras de banho, uma sala destinada à caldeira mostra as condições extremas enfrentadas pelos escravizados que mantinham o sistema térmico em funcionamento. Enquanto a elite desfrutava do conforto, trabalhadores suportavam temperaturas elevadíssimas para alimentar o fogo e garantir o aquecimento das águas. 

No documentário, Sophie Hay, especialista em Pompeia, destaca que “uma parede separava dois mundos completamente diferentes, ilustrando a desigualdade que permeava a sociedade romana”.

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Um quarteirão inteiro é desenterrado

As escavações também revelaram um quarteirão completo, incluindo uma padaria, uma lavanderia e outros espaços conectados à residência principal. Ferramentas de construção encontradas no local sugerem que a casa estava em reforma no momento da erupção. Um salão de banquetes, decorado com afrescos vibrantes, e um cômodo azul destinado a práticas religiosas são destaques adicionais do complexo.

Outro elemento curioso foi a descoberta de conchas de ostras trituradas no chão do cômodo azul. Elas eram usadas como material decorativo para criar um brilho nas paredes, um exemplo da atenção aos detalhes que marcava o estilo de vida da elite.

Para Alessandro Russo, arqueólogo envolvido no projeto, as moedas, joias e artefatos encontrados tornam o passado incrivelmente tangível. “Esses objetos são mais do que vestígios materiais; eles nos conectam diretamente às vidas das pessoas que habitaram este espaço”.

Esta descoberta reafirma a relevância de Pompeia como um símbolo da Roma antiga, preservado de maneira única pela tragédia vulcânica, que continua a oferecer informações preciosas sobre a complexidade social, cultural e tecnológica de uma civilização que ainda intriga o mundo.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/27/ciencia-e-espaco/spa-particular-encontrado-em-pompeia-destaca-disparidade-social-pre-tragedia/