
Já estão valendo as tarifas de importação de 50% impostas pelo governo de Donald Trump a uma lista de produtos brasileiros. O decreto, assinado no último dia 30, passou a valer nesta quarta-feira (06).
- Vale lembrar: estamos falando de uma tarifa adicional de 40%, elevando o total para 50%. Produtos brasileiros já tinham sido taxados em 10% inicialmente, no mês de abril.
A Casa Branca argumenta que a medida é uma resposta a ações do governo brasileiro, representando uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
O que foi taxado?
Entre os itens mais afetados, podemos destacar o café, a carne bovina e algumas frutas, como a manga. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, de US$ 40,4 bilhões em exportações, 35,9% (US$ 14,5 bilhões) estão sujeitos à tarifa adicional de 50%.
A seguir, listamos os principais produtos brasileiros que serão sobretaxados, segundo dados do Governo Federal de 2024:
- Café não torrado: US$ 1,9 bilhão em exportação;
- Instalações e equipamentos de engenharia civil, e suas partes: US$ 1,5 bilhão;
- Carne bovina: US$ 944 milhões;
- Madeira parcialmente trabalhada e dormentes de madeira: US$ 737 milhões;
- Cal, cimento e outros materiais de construção (exceto vidro e barro): US$ 709 milhões;
- Açúcares e melaços: US$ 610 milhões.
De acordo com o estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o Brasil exportou o equivalente a 1,8% do PIB nacional aos EUA. Metade desse valor está concentrado em combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos — setores diretamente afetados pelas novas tarifas.

O que se livrou do tarifaço?
Dentre os setores setores isentos, há exemplos como:
- Artigos de aeronaves civis (não militares), bem como motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo. Nessa lista, há desde tubos e mangueiras até sistemas elétricos, pneus e estruturas metálicas;
- Veículos e algumas de suas peças: os veículos que ficaram de fora da isenção são sedãs, SUVs, minivans e vans de carga, além de caminhões leves e suas peças;
- Produtos específicos e derivados de ferro, aço, alumínio e cobre, incluindo itens semiacabados e componentes industriais;
- Fertilizantes muito usados na agricultura brasileira;
- Produtos agrícolas e de madeira, incluindo castanha-do-Pará, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal ou de outras fibras do gênero Agave;
- Certos minerais e metais, como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em várias formas), metais preciosos, como ouro e prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro;
- Materiais que são utilizados na geração de energia, bem como produtos energéticos, tais como carvão, gás natural, petróleo e derivados, como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e energia elétrica;
- Bens retornados aos EUA, que foram exportados para o país para reparo, modificação ou processamento, sob certas condições. Há exceções específicas para o valor agregado;
- Bens em trânsito, ou seja, que já estavam entre o remetente e o destinatário antes de o tarifaço entrar em vigor, estão isentos da taxa. Mas há um porém: para se enquadrarem, esses produtos precisam chegar aos EUA até 5 de outubro;
- Itens de uso pessoal, presentes na bagagem de passageiros chegando aos EUA;
- Donativos, como alimentos, roupas e medicamentos destinados ao alívio do sofrimento humano, exceto se o presidente entender que há risco à soberania nacional;
- Materiais informativos, como livros, filmes, CDs, pôsteres, obras de arte e conteúdos jornalísticos.
Repercussão
Assim que Donald Trump assinou o decreto na semana passada, o Olhar Digital News conversou com o Dr. Alvaro Machado Dias, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), neurocientista e futurista. Ele também explicou o uso da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O post Tarifaço: o que escapou e o que não escapou das taxas de Trump ao Brasil? apareceu primeiro em Olhar Digital.
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