7 de novembro de 2025
Crise à vista? Temor de bolha da IA abala bolsas
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A euforia em torno da inteligência artificial começa a cobrar seu preço nos mercados. Após semanas de altas recordes, ações de grandes empresas de tecnologia caíram com força, o que reacendeu o temor de uma bolha financeira ligada à IA. 

O movimento, que afetou bolsas dos Estados Unidos à Ásia, acendeu alertas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco da Inglaterra.

O presidente do Goldman Sachs, David Solomon, prevê uma correção de 10% a 20% nas bolsas nos próximos dois anos, enquanto o Banco da Inglaterra fala em “risco real de bolha” caso os lucros não acompanhem a valorização das ações. 

Ainda assim, parte dos investidores vê a turbulência como oportunidade. Com as big techs em queda, o setor pode estar abrindo espaço para novas entradas e diversificação em mercados emergentes.

Mercados reagem a alertas sobre bolha e valorização excessiva da IA

A recente queda das ações de tecnologia mostrou que o entusiasmo com a IA pode ter ido longe demais. Nos Estados Unidos, papéis de empresas como Nvidia, Amazon, Apple e Meta caíram após semanas de valorização recorde, derrubando índices como o Nasdaq e o S&P 500

Banco da Inglaterra apontou o risco de um “efeito bolha” no setor de IA em meio à incerteza sobre os lucros futuros (Imagem: tadamichi/Shutterstock)

O alerta veio de várias frentes. O Banco da Inglaterra apontou o risco de um “efeito bolha” em meio à incerteza sobre os lucros futuros, enquanto o FMI reforçou a preocupação com o impacto de valuations inflados no equilíbrio financeiro global. 

O temor é que a correção no setor de IA contagie outros segmentos do mercado, o que afetaria o apetite por risco e a confiança dos investidores.

Na Ásia, o tom também é de cautela. O SoftBank Group, um dos maiores investidores em empresas de IA, perdeu quase US$ 50 bilhões em valor de mercado em apenas uma semana. 

A volatilidade levou até o investidor Michael Burry – conhecido por prever a crise de 2008 – a apostar contra Nvidia e Palantir, duas das ações mais simbólicas da atual euforia tecnológica.

Analistas, no entanto, divergem sobre o impacto dessa correção. Parte do mercado acredita num ajuste saudável após meses de valorização, enquanto outros veem sinais de uma bolha em formação, comparando o cenário à bolha das pontocom do início dos anos 2000.

Gigantes do setor acumulam perdas, mas investidores divergem sobre próximos passos

Apesar da correção recente, alguns analistas ouvidos pela CNBC acreditam que o movimento ainda não representa uma reversão de tendência. 

Segundo Kiran Ganesh, estrategista do UBS, os resultados das empresas de tecnologia continuam sólidos. E, mesmo com a volatilidade, “o panorama geral segue positivo”. 

Chefe do FMI vê na inteligência artificial uma força de crescimento econômico e desigualdade social
Mercados emergentes, como Brasil e Índia, podem se beneficiar do fluxo de capital global impulsionado pela IA, diz especialista (Imagem: thanmano/Shutterstock)

Para ele, os balanços do último trimestre superaram expectativas e mostram que o setor mantém potencial de crescimento no longo prazo. Já o investidor Glen Smith, da GDS Wealth Management, vê as quedas como “oportunidades de compra”, especialmente para quem ficou de fora do rali das big techs nos últimos meses.

Outros especialistas, porém, pregam cautela. O estrategista Luca Paolini, da Pictet Asset Management, avalia que os valuations estão excessivamente esticados e defende a diversificação geográfica das carteiras. 

Paolini aponta que mercados emergentes, como Brasil e Índia, podem se beneficiar do fluxo de capital global impulsionado pela IA. Mas com menos exposição ao risco de concentração em nomes como Nvidia e Microsoft

No curto prazo, o mercado deve seguir dividido entre quem aposta num ajuste técnico e quem teme o início de um novo ciclo de bolha.

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Bolha da IA pode afetar empregos e estabilidade econômica

O alerta sobre os riscos da bolha de IA não vem apenas de investidores. O presidente do Fórum Econômico Mundial, Børge Brende, afirmou que o mundo precisa ficar atento a três possíveis bolhas que se formam simultaneamente: inteligência artificial, criptomoedas e dívidas públicas

Segundo ele, os governos estão mais endividados do que em qualquer outro momento desde 1945. E a euforia com a IA tem ignorado fatores macroeconômicos como inflação e juros altos. 

Ao centro, está escrito "AI"; ao redor, notas de dinheiro caindo
Governos estão mais endividados do que em qualquer outro momento desde 1945 – e a IA tem parte de culpa nisso, segundo o presidente do Fórum Econômico Mundial (Imagem: TSViPhoto/Shutterstock)

Brende destacou ainda que os ganhos de produtividade trazidos pela tecnologia podem ser ofuscados por desequilíbrios no mercado de trabalho e instabilidade nos investimentos.

Durante visita a São Paulo, o executivo também alertou que trabalhadores de escritório estão entre os mais vulneráveis a serem substituídos por sistemas de IA. 

Ele lembrou que o aumento da produtividade é essencial para gerar prosperidade, mas advertiu que a transição precisa ser equilibrada para não ampliar desigualdades. 

A fala de Brende reforça o contraste que hoje domina o mercado financeiro – setor dividido entre o entusiasmo com os avanços tecnológicos e o medo de que a IA desencadeie a próxima grande crise global.

O post Crise à vista? Temor de bolha da IA abala bolsas e preocupa investidores apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/07/pro/temor-de-bolha-da-ia-abala-bolsas-e-preocupa-investidores/