Seria o The Last of Us na vida real? Um estudo publicado este mês no periódico Fungal Systematics and Evolution fez uma descoberta surpreendente: um fungo inédito que cria aranhas ‘zumbis’. Ele provavelmente usa sinais químicos para controlar os aracnídeos e mudar seu comportamento antes de matá-los.
Apesar do aspecto curioso da descoberta, os pesquisadores estão interessados nas propriedades medicinais do fungo.
Fungo do The Last of Us?
O fungo é branco e de aparência fofa, lembrando o fungo da vida real que inspirou o videogame e a série The Last of Us. Os pesquisadores o descobriram pela primeira vez em um depósito de pólvora em Castle Espie, na Irlanda do Norte, em 2021. A pesquisa foi publicada apenas este ano.
A equipe descobriu que o fungo é inédito para ciência e o batizaram de Gibellula attenboroughii. Ele foi encontrado em uma aranha morta da espécie Metellina merianae, conhecida por viver em cavernas e áreas escuras, como porões e depósitos.
Após a descoberta em 2021, o coautor do estudo, Tim Fogg, encontrou mais exemplos do mesmo fungo em outras cavernas ao redor da Irlanda, em outras espécies de aranhas com características semelhantes.
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O que eles descobriram sobre as aranhas zumbis
As aranhas que vivem em cavernas normalmente ficam escondidas em tocas ou em suas próprias teias. No entanto, todos os exemplares infectados estavam no telhado, teto ou nas paredes das cavernas (algo bem incomum).
Com base nisso, os pesquisadores propuseram que o fungo provavelmente usa sinais químicos para controlar as aranhas e alterar seu comportamento. Por exemplo, as expondo a ambientes abertos. Isso também serviria para expor os esporos dos fungos às correntes de ar do local.
Como o fungo infecta as aranhas
O autor principal do estudo, Harry Evans, explicou como funciona o processo de infecção do G. attenboroughii em entrevista ao Live Science:
- Segundo ele, o fungo evoluiu junto com as aranhas nas cavernas;
- Os esporos do fungo penetram na aranha e infectam sua hemocele (uma cavidade que contém o equivalente ao sangue dos invertebrados);
- Depois que a aranha sai da toca, o G. attenboroughii produz uma toxina para matá-la;
- Quando a aranha está morta, o fungo usa antibióticos próprios para preservar o cadáver, como uma espécie de múmia, enquanto absorve todos os seus nutrientes;
- Por fim, o G. attenboroughii usa a aranha para dispersar seus esporos no ambiente, garantindo sua reprodução.
Apesar das descobertas, Evans revelou que o objetivo final da pesquisa não é o fungo em si, mas seus potenciais medicinais. Ainda, a análise de imagens de fungos em outras regiões pode dar pistas de que ele esteja presente em mais locais, como no País de Gales.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/31/ciencia-e-espaco/the-last-of-us-da-vida-real-fungo-inedito-esta-transformando-aranhas-em-zumbis/