28 de fevereiro de 2025
Traumas por violência geram impacto genético, diz estudo
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Em 1982, o governo sírio sitiou a cidade de Hama, matando dezenas de milhares de civis em um massacre sectário. Quatro décadas depois, o impacto desse evento ainda reverbera, não apenas nas memórias das vítimas, mas também nos genes das gerações seguintes.

Netos de mulheres grávidas durante o cerco carregam marcas genéticas dessa violência, mesmo sem nunca ter vivido esse trauma. Esse fenômeno de transmissão genética do estresse foi documentado em animais, mas nunca em humanos, até agora.

Um novo estudo, liderado por Connie Mulligan, da Universidade da Flórida, em colaboração com pesquisadores da Jordânia e de Yale, investigou como o estresse de gerações anteriores pode ser transmitido aos descendentes por meio de modificações epigenéticas nos genes.

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A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, acompanhou três gerações de imigrantes sírios, coletando amostras de DNA de avós, mães e filhos que haviam vivenciado ou fugido de conflitos na Síria.

Gravidez de mulheres que viveram o cerco da Síria foi impactada geneticamente pela violência – Imagem: Stock Holm/Shutterstock

Mais detalhes do estudo

  • Os pesquisadores descobriram 14 áreas modificadas nos genomas dos netos de mulheres grávidas durante o cerco a Hama.
  • Essas modificações epigenéticas indicam que o estresse da violência pode ser passado para as gerações futuras.
  • Além disso, foram encontradas evidências de envelhecimento epigenético acelerado em indivíduos expostos à violência no útero, o que pode aumentar a suscetibilidade a doenças relacionadas à idade.

Embora o impacto dessas mudanças epigenéticas na saúde ainda seja incerto, os pesquisadores apontam para a necessidade de uma maior compreensão dos efeitos de longo prazo da violência, sugerindo que o trauma gerado por diversos tipos de violência pode ter repercussões duradouras nas gerações futuras.

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Novo estudo oferece evidências de transmissão genética do estresse humano – Imagem: Roman Bodnarchuk/Shutterstock

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/28/ciencia-e-espaco/traumas-por-violencia-geram-impacto-genetico-diz-estudo/