Nem sempre estamos sozinhos no próprio corpo. Alguns organismos minúsculos, invisíveis a olho nu, evoluíram para viver sobre ou sob a pele humana. Piolhos e vermes são alguns desses parasitas que desenvolveram estratégias impressionantes para conviver conosco. Veja em detalhes quais são a seguir!
Piolhos
O que a gente chama de “piolho” são, na verdade, mais de cinco mil espécies diferentes, conforme explica A-Z Animals. Esses parasitas microscópicos da ordem Phthiraptera formam um grupo enorme e evoluíram para viver exclusivamente em animais de sangue quente. No caso dos humanos, três delas encontraram um nicho perfeito: o couro cabeludo, as roupas e os pelos do corpo.
Entre os piolhos humanos, o mais conhecido é o da cabeça. Pequeno o suficiente para passar despercebido a olho nu, ele se alimenta de sangue várias vezes por dia e se transmite com facilidade de uma pessoa para outra.
E, ao contrário do senso comum, sua presença não tem relação com falta de higiene. Afinal, o piolho da cabeça depende apenas de contato próximo. Por isso, pode circular entre crianças e adultos em qualquer ambiente. Suas picadas causam coceira e irritação, mas não transmitem doenças conhecidas.
O piolho do corpo, por outro lado, é mais discreto e também mais perigoso. Ele vive nas roupas, não na pele, e só se aproxima do hospedeiro quando precisa se alimentar. Essa espécie, sim, está associada a falta de higiene e ambientes com superlotação, e pode carregar patógenos de doenças como o tifo e a febre das trincheiras.
Há ainda os chamados “chatos”, os piolhos pubianos, que geralmente habitam regiões com pelos mais grossos, mas também podem ser encontrados nos cílios das crianças. Embora o desconforto que causam seja grande (coceira intensa e inflamação local), não há evidências de que transmitam doenças.
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Loa loa
Chamado popularmente de “verme dos olhos”, o Loa loa é um parasita transmitido pela picada de moscas-do-cervo, insetos que habitam regiões tropicais úmidas da África Central e Ocidental. Trata-se de um nematódeo que vive dentro do corpo humano, geralmente sob a pele, e pode permanecer ali por impressionantes 17 anos.
Depois de infectar uma pessoa, o verme pode levar meses até atingir a fase adulta. E, uma vez instalado, tende a permanecer ali por anos. Durante esse tempo, ele se desloca lentamente pelo tecido subcutâneo, às vezes atravessando o rosto ou até os olhos, o que deu origem ao apelido curioso.

Apesar de geralmente não representar um risco grave, a presença do Loa loa pode causar alguns desconfortos. O mais característico são os inchaços temporários sob a pele, chamados edemas de Calabar, que costumam aparecer próximos às articulações. Essas áreas ficam sensíveis e doloridas por alguns dias, como uma reação ao movimento do verme pelo tecido subcutâneo.
Quando o parasita morre dentro do corpo, o quadro pode se tornar mais incômodo: o organismo reage tentando eliminar o invasor, o que pode gerar inflamações persistentes, pequenos abscessos e, em alguns casos, o endurecimento de tecidos – um processo conhecido como fibrose.
O tratamento costuma combinar medicamentos antiparasitários, como a dietilcarbamazina, e, em alguns casos, a retirada cirúrgica do verme visível. O controle das moscas transmissoras também é essencial para evitar novos casos.
Onchocerca volvulus
Outro parasita transmitido por insetos, a Onchocerca volvulus é um verme redondo que vive em regiões próximas a rios e córregos da África subsaariana. Ele chega ao corpo humano por meio da picada das fêmeas de borrachudos do gênero Simulium, que se reproduzem em águas correntes e claras – o que explica o apelido da doença que provoca: “cegueira dos rios”.
Esses vermes se instalam sob a pele, onde formam pequenos nódulos conhecidos como onchocercomas. Dali, suas larvas se espalham lentamente pelos tecidos, migrando para outras partes do corpo, inclusive os olhos. É essa migração que causa os sintomas mais característicos: coceira intensa, irritação na pele e, em casos avançados, inflamações oculares que podem levar à perda da visão.

A oncorcercose, como é chamada a infecção, é uma das doenças tropicais negligenciadas mais impactantes do mundo. Estima-se que milhões de pessoas convivam com as lesões cutâneas causadas pelos vermes e que mais de um milhão tenham perdido parte da visão por causa da doença.
Apesar da gravidade, há tratamento eficaz. O principal medicamento é a ivermectina, que elimina as larvas e interrompe o ciclo de transmissão. Em algumas regiões, o moxidectina também tem sido usado, com efeito prolongado.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 99% dos casos de oncocercose ocorrem na África e no Iêmen. O restante está concentrado em uma pequena região de fronteira entre o Brasil e a Venezuela.
Por isso, a organização mantém campanhas regulares de distribuição de medicamentos para reduzir os casos, especialmente em áreas ribeirinhas da África onde a mosca transmissora se reproduz.
O post Três parasitas que vivem na pele humana e podem ser perigosos para sua saúde apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/24/ciencia-e-espaco/tres-parasitas-que-vivem-na-pele-humana-e-podem-ser-perigosos-para-sua-saude/
