Uma agenda destrutiva. É assim que a ONG Earthjustice define a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que possibilita a perfuração de petróleo no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico, no norte do Alasca.
No dia da posse, o republicano defendeu que a “Era Dourada” dos Estados Unidos implica em “perfurar, baby, perfurar”, fazendo um aceno à indústria de extração de combustíveis fósseis e colocando de lado os planos de energia limpa.
Na prática, a ordem acaba com a proibição temporária de atividades de perfuração nas últimas grandes áreas selvagens restantes no país. A medida deve impactar a Tongass National Forest, a National Petroleum Reserve–Alaska, além de regiões offshore no Hemisfério Norte.
Em um comunicado, a ONG Earthjustice — que atua na defesa do meio ambiente há 50 anos — explicou que a decisão também vai aumentar a extração de madeira, mineração, construção de estradas e outros empreendimentos extrativos.
“A agenda do governo Trump para o Alasca destruiria habitats valiosos e áreas de caça e pesca de subsistência, ao mesmo tempo em que agravaria a crise climática. A Earthjustice e seus clientes não ficarão de braços cruzados enquanto Trump mais uma vez força uma agenda prejudicial impulsionada pela indústria em nosso estado para ganho político e o benefício de alguns poucos ricos”, disse Carole Holley, advogada-gerente da Earthjustice para o Alaska Office.
A ONG diz que vai lutar para evitar o desmantelamento do Plano de Atividade Integrada, elaborado pelos governos Obama e Biden, que protege cerca de 23 milhões de acres da Reserva Nacional de Petróleo-Alasca. “O que está em jogo é se o Ártico Ocidental, uma reserva de vida selvagem com valor ecológico extraordinário, deve ser sacrificada a uma indústria de petróleo e gás moribunda”, diz o comunicado.
Além disso, Trump quer priorizar o desenvolvimento do gás natural liquefeito (GNL) por meio do Projeto Alaska LNG, o que, segundo a entidade, terá um “impacto irrevogável no clima”.
O novo governo também instruiu o Departamento de Agricultura a revogar proteções na Tongass National Forest, abrindo caminho para a exploração madeireira industrial. A região serve como um importante amortecedor climático ao armazenar 20% do carbono armazenado por todas as florestas dos EUA, de acordo com a ONG.
“Nos últimos anos, a região em grande parte se afastou da exploração madeireira em favor de economias locais sustentáveis, como pesca, turismo e recreação ao ar livre — uma mudança que muitos moradores e tribos locais do Alasca apoiaram publicamente.”
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Mais uma mudança de nome
Donald Trump ainda prometeu renomear o maior pico da América do Norte, localizado no Alasca, anulando uma ordem do governo Barack Obama, assinada em 2015. À época, a medida foi celebrada por restaurar nomes indígenas tradicionais em locais geográficos.
Agora, a ideia é alterar o nome “Denali” para “Monte McKinley”, em homenagem ao 25º presidente dos Estados Unidos. A proposta é amplamente rejeitada por habitantes da região e também pela senadora Lisa Murkowski, que representa o estado.
Denali se traduz como “o Alto” ou “o Grande” da língua do povo Koyukon Athabascan, que habitou a área por milênios.
No dia da posse, Trump também assinou uma ordem para iniciar o processo de mudança do nome do “Golfo do México” para “Golfo da América”.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/27/ciencia-e-espaco/trump-coloca-alasca-em-risco-com-perfuracao-diz-entidade/