O esperado encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, na Coreia do Sul terminou com promessas de redução de tarifas e retomada de cooperação econômica. Mas sem avanço no tema que virou termômetro da rivalidade entre as duas potências: os chips de inteligência artificial (IA) da Nvidia.
Apesar de ter dito que “poderia falar com Xi sobre o Blackwell”, Trump admitiu após a reunião que o assunto “não chegou a ser discutido”. Isso frustrou expectativas de alguma flexibilização nas restrições de exportação americanas.
Entre trégua e tensão: o que ficou do encontro entre Trump e Xi
O encontro entre Donald Trump e Xi Jinping marcou a primeira conversa presencial entre os dois desde o retorno do republicano à Casa Branca.
Ao longo de quase duas horas, os líderes conversaram sobre comércio, tecnologia e segurança global, num esforço de reaproximação após meses de atritos.
Apesar do tom conciliador e de alguns avanços concretos (como a redução de tarifas e a manutenção do fluxo de terras raras), o diálogo mostrou que as diferenças estruturais permanecem, especialmente nas áreas de IA e chips de ponta, que seguem no centro da disputa entre as potências.
A corrida pelos chips: o tema que ficou fora da mesa
Um dia antes da reunião com Xi, o republicano havia elogiado publicamente o chip Blackwell, que ajudou a Nvidia a atingir o valor histórico de US$ 5 trilhões (cerca de R$ 27 trilhões). E chegou a sugerir que poderia abordá-lo no encontro. Mas, segundo ele, “o assunto não chegou a ser tratado”.
O acesso chinês a chips de ponta é hoje um dos pontos mais sensíveis nas relações entre Washington e Pequim. O governo americano mantém restrições de exportação para conter o avanço militar da China em áreas estratégicas.

Enquanto isso, a Nvidia tenta convencer autoridades de que manter o país asiático como cliente é positivo para os próprios Estados Unidos. Isso porque os lucros obtidos lá financiam pesquisa e desenvolvimento em solo americano.
Do outro lado, Pequim tem desestimulado empresas locais a comprar da Nvidia e incentivado rivais nacionais, como a Huawei. O impasse faz parte de uma disputa maior pela liderança em IA e semicondutores, setores vistos como o novo campo de poder global.
Ao evitar o tema, Trump sinalizou que, mesmo num momento de trégua comercial, a competição tecnológica entre as potências continua intacta.
Trégua comercial: tarifas, fentanil e terras raras
O principal resultado concreto da reunião foi a redução das tarifas sobre produtos chineses, que caíram de 57% para 47%, segundo Trump.
Em contrapartida, Xi Jinping se comprometeu a retomar a compra de soja americana, manter o fluxo de exportação de terras raras – insumos essenciais para tecnologias como smartphones, carros elétricos e equipamentos militares – e reforçar o combate ao comércio ilegal de fentanil, droga sintética responsável por uma epidemia de overdoses nos Estados Unidos.

Trump classificou o acordo sobre terras raras como “totalmente resolvido” e afirmou que o pacto será renovado anualmente. O governo chinês confirmou que vai suspender as restrições de exportação impostas em outubro, em troca de um afrouxamento parcial das medidas americanas.
Para Xi, as equipes econômicas dos dois países “alcançaram um consenso fundamental” e agora precisam evitar “um ciclo vicioso de retaliações”. A mensagem reforça o tom de trégua comercial, ainda que cercada de cautela.
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Entre gestos diplomáticos e disputas estratégicas
Além da pauta econômica, o encontro teve espaço para temas geopolíticos. Trump afirmou que a guerra na Ucrânia “surgiu com força” nas conversas e disse que os dois países “vão trabalhar juntos para buscar progresso” no conflito.
No entanto, o republicano disse que o assunto Taiwan “não foi discutido”, apesar das tensões recentes em torno da ilha. A postura de Trump foi vista como uma tentativa de preservar o diálogo com Pequim em meio a um cenário global fragmentado. E de evitar atritos adicionais que possam afetar o comércio.
Ao fim da reunião, Trump descreveu o encontro como “incrível” e deu nota “12 em uma escala de 10”, enquanto Xi destacou “boas perspectivas de cooperação em inteligência artificial”.
O tom mais amistoso repercutiu nos mercados: as bolsas chinesas e o yuan se valorizaram logo após o encontro, o que reforça a expectativa de que as potências tentem equilibrar competição e cooperação nos próximos meses. Mas a rivalidade por liderança global, sobretudo em tecnologia, segue como pano de fundo.
(Essa matéria usou informações de G1, The Guardian e Reuters.)
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