
O presidente dos Estados Unidos nunca escondeu que considera a indústria de chips semicondutores como estratégica. Apesar de ter liberado a venda de modelos específicos para a China, o comércio de produtos avançados continua sendo proibido pela Casa Branca.
Ao mesmo tempo, Donald Trump tem conseguido firmar acordos com grandes empresas do setor com o objetivo de aumentar a produção nos EUA. A proximidade com o CEO da Nvidia e uma recente reunião com o chefe da Intel fazem parte da estratégia do republicano.
Republicano tem jogado setor dentro da política interna
- No início deste ano, Trump ameaçou reter remessas de empresas de chips, a menos que elas concordassem em investir mais nos Estados Unidos.
- Também afirmou que estava considerando aplicar tarifas para companhias que não comprassem os dispositivos fabricados no país.
- A pressão deu certo.
- Em março, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) anunciou US$ 100 bilhões na construção de três novas fábricas e duas instalações para embalar chips nos EUA.
- Neste cenário, Jensen Huang, CEO da Nvidia, ganhou importância.
- Ele participou de várias reuniões com o republicano e conseguiu até uma autorização para voltar a vendas semicondutores para a China.
- Em troca, prometeu entregar 15% da receita destas vendas para a Casa Branca.
- Nos últimos dias, o republicano ainda recebeu a promessa de Tim Cook, CEO da Apple, de um investimento de US$ 100 bilhões.
- Por fim, se reuniu com o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, após pedir a renúncia do executivo do cargo por suposta ligação com o governo da China.
- O encontro também pode ter resultado em promessas de investimentos da empresa no país.
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Empresas temem questionar Trump
De acordo com reportagem do The New York Times, Trump se tornou o maior tomador de decisões de uma das indústrias mais importantes do mundo. Além disso, transformou o planejamento cuidadoso de empresas historicamente lideradas por engenheiros em um jogo de política interna. A participação do presidente em negócios privados ainda revela uma mudança de postura da Casa Branca em relação ao defendido pelo Partido Republicano por décadas.
Esta não é uma política industrial racional. Esta é uma intervenção sobre quem dirige as empresas do setor de chips semicondutores e ameaça as empresas com penalidades se não fizerem o que Trump diz. Ele está microgerenciando.
Anne E. Harrison, professora de economia da Universidade da Califórnia, em Berkeley

A legalidade dos acordos de Trump não é clara. Não há precedente para cobrança de taxas em troca da concessão de licenças de exportação, por exemplo. No entanto, as empresas têm preferido não confrontar as decisão do presidente dos EUA.
Os CEOs decidiram que a melhor estratégia é formar, na medida do possível, um relacionamento direto com o presidente. O lobby de associações industriais é muito menos potente.
Chris Miller, professor de história da Universidade Tufts e autor do livro “Chip War”

Kush Desai, porta-voz da Casa Branca, disse em um comunicado recente que a importância da indústria de chips justifica o envolvimento direto do governo nas operações. Segundo ela, “a liderança prática do presidente Trump na indústria de chips ressalta o compromisso deste governo em salvaguardar nossa segurança nacional e econômica”.
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